Cotidiano

Cervejarias de Niterói apostam em eventos e bares no estado

INFOCHPDPICT000058451850NITERÓI ? As duas últimas cervejarias da série de reportagens que abordam as marcas comandadas por niteroienses talvez sejam as que mais identificação tenham com a cidade. A Oceânica, criada pelos engenheiros químicos Rafael Bertges e Caio Delgaudio, é uma homenagem à região das belas praias. A Dead Dog é niteroiense até no rótulo. Abaixo do logo, um cachorrinho em formato de caveira pirata, está escrito: Niterói-RJ. Hoje, a ideia das duas é abastecer os bares e eventos cervejeiros ? a Oceânica tem três rótulos, e a Dead Dog, dois.

Apesar do crescimento rápido, as marcas não pensam ainda em montar uma fábrica. Sandro Gomes e Alberto Maia, sócios da Dead Dog, causam alvoroço nas feiras com seu ?beer truck?, que, na verdade, é uma carroça de carregar cavalos, que eles adaptaram para transportar os barris e garrafas e servir a bebida. Já a Oceânica lançou em maio a ?Born to rock?, uma imperial IPA, e comemora aniversário de um ano, hoje, no bar Fina Cerva, em Icaraí. Quem aparecer por lá poderá experimentar a ?Year One?, produzida especialmente para a data.

? É no estilo stout, leva cacau e café. É uma cerveja bem intensa ? explica Rafael Bertges.

Os dois rótulos da Dead Dog são parentes. Eles oferecem uma american IPA e o mesmo estilo com adição de café. A cervejaria tem planos para lançar outro, em homenagem aos 30 anos da banda niteroiense de trash metal Taurus.

? Eu conheci o baterista da banda num evento e falei: ?Tenho o primeiro vinil de vocês, lá de 1984? ? conta Alberto Maia.

Louras geladas e rock?and?roll

Sandro Gomes diz que a ideia é fugir dos clichês que assolam as cervejas que levam os nomes de bandas consagradas.

INFOCHPDPICT000058452529? O que se vê são cervejas de bandas de rock, mas que agradam ao mercado. A do Sepultura é uma weiss, de trigo. A do AC/DC é uma lager, fraquinha. Não tem nada a ver. A banda é pesada, difícil de ouvir. Então, vamos fazer um negócio difícil de beber. Vai ser uma india black ale ? explica Sandro Gomes.

Para além da ?Born to rock?, que é bem forte, a Oceânica aposta na tranquilidade, na desaceleração. Os nomes já falam tudo: ?Slow down?, uma session IPA, e ?Easy dive?, uma witbier.

? A nossa identidade visual reflete isso. O polvo é nosso logo, e cada rótulo tem o desenho de um animal marinho diferente. A ?Slow down? é uma tartaruga, representa relaxar, reduzir. A ?Easy dive? é uma baleia, um mergulho refrescante, aromático. A ?Born to rock? é uma raia, uma personalidade forte, mas, ao mesmo tempo, linda, fluida ? diz Bertges

A Oceânica surgiu, na panela, em 2011. Os dois sócios começaram a produção na casa do sogro de Bertges, no Cafubá.

? Compramos um kit cervejeiro, para fazer 20 litros. Não durou muito tempo. Somos engenheiros e gostamos de fazer tudo do nosso jeito. Compramos nossas panelas, fizemos as próprias conexões e montamos um sistema caseiro que faz 120 litros. Não é o que a gente usa profissionalmente, claro. Mas, usamos para testes, experimentações, novas receitas ? diz Bertges.

Gomes e Maia já faziam cerveja na panela há anos quando uma situação trágica deu origem ao nome da marca.

? Estávamos em frente à casa de um amigo, e veio um cachorrinho até nós. Ele estava muito mal. Daí, tentamos localizar um veterinário. Só que era carnaval, e não conseguimos. O cachorrinho morreu. Daí, fomos fazer a cerveja e perguntaram: ?Qual o nome?? Alguém falou de bobeira: ?Cerveja do cachorro morto?. Aí, ficou. Na semana seguinte, o Sandro fez o desenho e colocou nas garrafas, em estêncil. O cachorrinho não morreu em vão ? conta Maia.

As duas cervejarias fazem questão de exaltar a união entre os cervejeiros de Niterói.

? Até a Noi, bem maior, é parceira ? diz Gomes.