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Cerimônia de encerramento apostou no carnaval para levantar a plateia

RIO ? A bem orquestrada campanha olímpica brasileira, que atingiu o recorde de de 19 medalhas, não podia desafinar na hora do acorde final, a cerimônia de encerramento da Olimpíada, e não desafinou ? embora não tenha sido capaz de superar expectativas. Bastante elogiada na cerimônia de abertura, a programação musical da última noite dos Jogos foi bem conduzida, mas a grande quantidade de ritos protocolares impediu que as atrações musicais colocassem o Maracanã para dançar. As escolhas musicais foram oportunas e deram atenção especial à diversidade rítmica brasileira, e não só carioca, com espaço ao samba, mas também ao frevo, o forró, o coco, entre outros gêneros regionais.

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Com direção geral da carnavalesca Rosa Magalhães, o evento foi uma grande celebração à brasilidade e à história do povo brasileiro, tendo a música como guia. A festa começou com forte pulsação rítmica, com o grupo vocal Barbatuques, e seguiu as boas-vindas com Martinho da Vila, ícone da Vila Isabel, com uma versão dolente e cadenciada para o clássico ?Carinhoso? (Pixinguinha e Braguinha), e para ?As pastorinhas? (Noel Rosa).

Após Martinho, 27 crianças entoaram o Hino Nacional brasileiro ao som de atabaques, numa reverência à herança rítmica de matriz africana que gerou os ritmos brasileiros mais representativos, como o samba, que se espalhou mundo afora graças a ícones como Carmen Miranda, personificada no estádio pela cantora Roberta Sá, que entoou ?Tico-tico no fubá? (Zequinha de Abreu).

Sob a perspectiva de Rosa Magalhães, a cerimônia olhou mais ao passado que ao contemporâneo, com homenagens à arte rupestre brasileira e aos povos indígenas, que foram lembrados através de cânticos entoados por crianças guaranis. Os artesãos e artistas manuais is também foram reverenciados pelo grupo vocal As Ganhadeiras de Itapuã, de Salvador, que entoaram ?Mulher rendeira?. Após as cantoras foi a vez de o Grupo Corpo, de Minas Gerais, dançar um trecho de ?Parabelo?, coreografia embalada por música de Tom Zé, seguida por ?Asa branca?, de Gonzagão, que transformou o Maracanã um grande salão de forró.

A chama olímpica foi apagada ao som de ?Pelo tempo que durar? (Adriana Calcanhotto e Marisa Monte), interpretada por Mariene de Castro, e a festa se encerrou apostando no carnaval para levantar a plateia, com um grande desfile de marchinhas e clássicos das escolas de samba, num grande tributo ao carnava carioca e às festas de rua.