Cotidiano

Cem pessoas são detidas por ligação com assassinato de vice-ministro na Bolívia

BOLIVIA-MINISTER_LA PAZ ? O governo boliviano confirmou na madrugada desta sexta-feira o assassinato do vice-ministro boliviano, Rodolfo Illanes, que havia sido sequestrado por mineiros. Cerca de cem pessoas foram presas numa ofensiva das autoridades que se comprometeram a punir os responsáveis.

? Todos os indícios apontam que nosso vice-ministro Rodolfo Illanes foi covarde e brutalmente assassinado ? assinalou o ministro de Governo, Carlos Romero, em entrevista coletiva.

Illanes foi capturado após tentar negociar demandas trabalhistas com mineiros que bloqueavam uma estrada desde segunda-feira na altura da cidade de Panduro.

O vice-ministro ?estava convencido de que diante do conhecimento que tinha com alguns dirigentes poderia persuadi-los e iniciar um diálogo com o governo, mas foi interceptado por mineiros e levado para um morro?, revelou Romero.

O ministro da Defesa, Reymi Ferreira, informou que há entre cem e 120 pessoas detidas ligadas ao crime. Ainda de acordo com ele, já foram identificados os cabeças do grupo que matou Illanes.

? Este ato não pode ficar impune, serão punidos judicialmente ? declarou Ferreira, dizendo que a notícia deixou o presidente Evo Morales ?profundamente comovido?.

O procurador-geral Ramiro Guerrero anunciou que cinco promotores foram enviados a Panduro, 100 km a oeste de La Paz.

PROTESTO PELA LIBERTAÇÃO DE DETIDOS

Os mineiros, agrupados em cooperativas privadas, tomaram as estradas na segunda-feira, exigindo a libertação de dez detidos sob acusação de atentar contra a vida de policiais e contra bens do Estado. A acusação remete a confrontos esporádicos ocorridos no início de agosto.

Eles também exigem negociar diretamente com o presidente Evo Morales, seu aliado político, um documento setorial rejeitado de antemão pelo governo. Esse coletivo ocupa importantes cargos no Executivo, em uma Superintendência do ramo e no Congresso, onde conta com senadores e deputados.

Segundo Romero, os mineiros do setor cooperativo pressionam para alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas, ou estrangeiras, uma ação proibida pela Constituição.

? Os que protestam são cooperativistas comprometidos com transnacionais ? denunciou.

A imprensa divulgou o conteúdo de 36 contratos desse tipo firmados pelos mineiros.

Até o meio-dia desta quinta, havia confrontos muito esporádicos em Sayari, Cochabamba (centro), e as estradas estavam cheias de pedras e escombros.

No pior dia de violência, na quinta-feira, houve duas mortes por parte dos mineiros em estradas de Cochabamba, segundo a Federação Nacional de Cooperativas de Mineiros (Fencomin). Já o governo anunciou um morto.

?O Plano de Operações da Polícia Boliviana não contempla o uso de armas letais?, de acordo com um comunicado do Ministério de Governo.

A possibilidade de iniciar negociações, abertas por gestões da Defensoria do Povo, havia fracassado nesta quinta-feira, devido às mortes na categoria.