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CBF amplia cerimoniais e aposta em Brasileiro como produto mais valorizado

Um estudo para entender por que o Campeonato Brasileiro não é comercialmente valorizado no exterior foi o ponto de partida. E a competição deste ano, que será aberta hoje, traz novidades que tentam transformá-la em ?produto mais vendável?, como define a CBF. Do investimento em gramados a um rígido cerimonial de entrada em campo, as regras incluem punições a clubes que desrespeitarem horários.

Na entrada em campo, será executada uma versão instrumental do hino do campeonato, criado este ano. Os jogadores das duas equipes terão que entrar juntos, perfilados e, no centro do campo, já haverá bandeiras dos dois clubes a aguardá-los. Passarão por um pórtico com os símbolos do Brasileirão e por um suporte onde estará a bola do jogo. Sem estrelas internacionais no campo, muda-se a embalagem para dar uma cara europeia.

O diretor de competições da CBF, Manoel Flores, exibe os motivos das medidas. A entidade não vê razões para temer que a ?europeização? do ritual em torno dos jogos ponha em risco traços tipicamente brasileiros. Por exemplo, a festa das torcidas na entrada em campo.

? Há campeonatos com menos competitividade do que o nosso e que são bem comercializados. A principal razão dos compradores de direitos era o entorno do campo, a quantidade de gente, de crianças. Era preciso formatar um produto ? afirmou Flores.

Os mascotes também estão limitados a dois por jogador, número estabelecido desde 2015. Os clubes receberão um ?minuto a minuto? dos jogos. Será uma contagem regressiva que inclui horário para chegada ao estádio, para perfilar e entrar em campo.

? Já havia multa prevista em regulamento. Mas decidimos apenas advertir os clubes. Agora, haverá punição ? alertou Flores, lembrando que qualquer ação de marketing dos clubes no campo, mesmo quando jogarem em casa, deverá ser comunicada à CBF.

CAMPOS UNIFORMES

Os gramados são outra preocupação. A CBF investiu R$ 2,2 milhões para uniformizar as medidas em 105 metros de comprimento por 68 metros de largura. Agora, parte para dar mais atenção à qualidade dos campos. Alem de ter doado maquinário aos clubes para a manutenção, haverá um mapeamento dos gramados, atribuindo notas para os sistema de irrigação, drenagem e corte da grama. O objetivo é aproximar-se da uniformização, com concessões impostas por diferentes climas e pelo eventual uso de grama artificial, já adotada pelo Atlético-PR. A entidade admite subsidiar reformas que se mostrem necessárias. O novo sistema de licenciamento de clubes vai incluir em suas regras de permissão de participação em competições padrões mínimos de gramado.

Outras novidades deste Brasileiro surgiram a pedido dos treinadores. Além do equilíbrio no número de jogos de cada clube às 11h, eles não querem jogos com quarto árbitro da federação local. Todos serão neutros. Curiosamente, em 2015 a Comissão de Arbitragem defendia a ideia do ?árbitro nacional?, escalando juízes do mesmo estado de um dos clubes.