Cotidiano

Casos devem “explodir” após a chuva

Hoje um em cada três registros de dengue no Paraná está na região oeste

Foz do Iguaçu – Um em cada três casos de dengue registrados no Paraná no período epidemiológico que se iniciou em agosto está na região oeste. Segundo o boletim da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), do dia 1º de agosto até o dia 26 de setembro já foram confirmados 44 casos autóctones para a doença nos 399 municípios, sendo 13 nas Regionais de Saúde de Cascavel (2), de Toledo (2) e de Foz do Iguaçu (9).

Quanto aos casos importados, dos quatro registrados no boletim em todo o Paraná, três foram no oeste, sendo dois na Regional de Toledo e um na de Foz do Iguaçu.

As notificações suspeitas também preocupam. Das 1.171 em avaliação laboratorial, 38%, ou seja, 441, estão no oeste. A regional com maior número de pendências em avaliação é a de Foz do Iguaçu, com 267 possíveis diagnósticos, seguida pela de Cascavel, com 78, e a de Toledo, com 66.

Os registros de chikungunya e de zika também começam a preocupar e indicam que esses vírus vão circular com mais facilidade, melhor, muita facilidade.

Somente da febre chikungunya, há 17 casos em investigação no oeste e eles representam 36% do total em análise em todo o Paraná, onde há 50 investigações em curso. O único caso de chikungunya já confirmado no Estado no atual ciclo é da cidade de Paranavaí. Entre as cidades do oeste com suspeitas, são oito na de Foz do Iguaçu, uma em Missal, uma em Assis Chateaubriand, uma em Toledo e sete em Cascavel.

Quanto ao zika, ainda não há casos confirmados, mas 30 suspeitas estão sendo analisadas e 87% delas estão na região: 26 no total, sendo 17 em Cascavel, duas em Santa Tereza do Oeste e sete em Foz do Iguaçu.

Mas se esses números já trazem muita preocupação mesmo em um período que sem condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti, o transmissor dessas doenças, o pior deve vir a partir de agora, depois da tão esperada chuva.

Período mais preocupante acaba de começar

Para a médica Lilimar Mori, da 10ª Regional da Saúde, o período mais preocupante começa exatamente agora. Por outro lado, este também é o momento mais estratégico para intensificar as ações de combate ao vetor, mas a ação precisa ser imediata. “Considerando o período de transição entre o inverno e a primavera, com a chuva que começou a cair nesta semana e a promessa de muito calor depois, este é o momento certo para eliminar os focos do mosquito. Antes tínhamos o calor intenso, mas estava muito seco, os ovos depositados nos criadouros agora vão gerar mosquitos que vão sair atacando. As condições são muito favoráveis para uma infestação de mosquitos”, alertou.

Tudo isso se intensifica sob os alertas de que neste ano essas doenças deverão ter uma explosão quanto ao número de casos. “Sabemos que as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti são cíclicas e ficam em baixa por um ou dois anos e depois voltam com tudo. Este deverá ser o ano em que eles vão voltar com força”, reforçou Lilimar.

Em entrevista recente ao Jornal O Paraná, o enfermeiro da 10ª Regional de Saúde Daniel loh, que trabalha com os municípios os programas de combate ao Aedes, reforçou que, além desses ciclos naturais, há outro fator que contribui para a explosão nos números de casos. A falta de investimentos públicos no combate a essas doenças, sobretudo depois de vir de períodos de calmaria quanto às contaminações.

Falta de conscientização

Outro aspecto que preocupa gestores em saúde e os profissionais que atuam no combate às endemias está na falta de conscientização ainda recorrente de parte da população. Em Toledo, por exemplo, os patrulhamentos feitos pela cidade pelas equipes da Secretaria de Saúde detectam uma quantidade exorbitante de lixo, principalmente em terrenos baldios. São centenas de potenciais criadouros que já estão acumulando água neste momento e que aumentam gradativamente a preocupação.

O coordenador do Combate às Endemias no Município, Selidio José Schmidt, revela que 69 agentes estão a postos para uma força-tarefa intensificada na próxima semana. No atual ciclo epidemiológico, o Município não registrou caso dessas doenças ainda, mas o alerta está lançado: “Estamos muito preocupados porque sabemos que depois da chuva e do calor teremos uma infestação muito rápida de mosquitos porque a cada dia aumenta a quantidade de lixo que as nossas equipes encontram, por isso precisamos que a população contribua e faça a sua parte”.