Cotidiano

Caso Linha 4 não fique pronta até Jogos, mais ônibus deverão ser deslocados

Temer fala sobre ajuda federal para obras da Linha 4 do RioRIO – Diante da possibilidade de o governo do estado não terminar as obras da Linha 4
do metrô (Ipanema-Barra) a tempo para os Jogos Olímpicos, a prefeitura já pensa
em alternativas. Na terça-feira, o secretário-executivo de Coordenação de Governo, Rafael
Picciani, confirmou medidas para um plano B, incluindo serviços de BRT entre a
Barra e a Zona Sul, mudanças nas faixas de trânsito exclusivas para a família
olímpica e a possibilidade de criação de novos feriados durante o evento.

Enquanto essas estratégias são elaboradas, o presidente
interino Michel Temer disse na terça-feira não estar equacionada a ajuda financeira da
União ao estado para finalizar as obras, o que acabou aumentando as dúvidas
sobre o cumprimento dos prazos. Em visita ao Parque Olímpico, Temer afirmou ter
conversado sobre o assunto com o governador interino Francisco Dornelles, mas
que só poderá falar sobre valores e avançar no tema semana que vem.

Apesar de ainda não haver uma solução para o metrô, Picciani disse estar
confiante numa saída. Segundo ele, o plano de contingência já seria elaborado
independentemente do risco de a Linha 4 não ficar pronta. De modo geral, é
parecido com a operação montada para a saída do público do Parque Olímpico de
madrugada, quando os espectadores poderão ir de BRT até o Centro, embarcando em
oito plataformas temporárias.

TRAJETO PELA AUTOESTRADA

No plano B, no entanto, a complexidade é maior. Além dos
158 ônibus articulados já reservados para os serviços olímpicos, podem ser
deslocados coletivos comuns, de BRTs como o Transoeste. O BRT temporário ligaria
a Barra provavelmente a Ipanema ou Leblon, a pontos como o Jardim de Alah ou as
praças Antero de Quental e General Osório. Nesse caminho, a faixa olímpica da
conexão Barra-Zona Sul seria mudada da Avenida Niemeyer para a Autoestrada
Lagoa-Barra e o Túnel Zuzu Angel. Links_linha 4

? Certamente haveria um impacto maior no trânsito. Isso exigiria que o
prefeito Eduardo Paes utilizasse alguns dispositivos do pacote olímpico, como a
possibilidade de decretar feriados em datas específicas, ainda não previstas
pela prefeitura ? disse Picciani.

Caso essas alternativas sejam necessárias, informou, na
Zona Sul os ônibus articulados circulariam pelas vias com BRS. Ao mesmo tempo,
linhas regulares poderiam sofrer alterações.

? Já temos prontas as premissas do plano. Mas os detalhes operacionais, como
os pontos de parada, ainda precisam ser refinados ? disse Picciani, ressaltando
que possíveis modificações no trânsito serão informadas em plataformas como o
site que a prefeitura lançará esta semana sobre a cidade olímpica e em
aplicativos como o Waze.

Antes de o secretário confirmar as ideias para o plano
B, Temer havia afirmado, em sua visita ao Rio, que o governo federal está
finalizando os estudos financeiros sobre a Linha 4. Num breve pronunciamento
numa das arenas esportivas, ele reiterou que o governo federal ajudará o estado
não só no discurso, mas com dinheiro.

? Combinei com o governador Dornelles, e vamos ter uma conversa, logo mais
adiante, para equacionarmos em definitivo essa questão ? disse ele, lembrando a
visibilidade que a Olimpíada do Rio terá no mundo. ? Sabemos que cinco bilhões
de pessoas acompanharão os Jogos e terão os olhos voltados para o nosso país.
Vamos colaborar não apenas com palavas, mas também nas necessidades de natureza
financeira.

201606141351190834.jpg-G022P0C3T.1.jpgDornelles reafirmou que uma das propostas do estado é saldar as dívidas com o
Tesouro Nacional e com organismo internacionais por meio de um empréstimo de R$
1 bilhão do Banco do Brasil, já aprovado pelo Conselho Monetário Nacional e
autorizado no Senado. Assim, o Rio poderia tomar novos empréstimos.

ESTADO ESTÁ INADIMPLENTE

Hoje, como o estado está inadimplente com a União e
bancos internacionais, não pode contratar operações de crédito. Um desses
financiamentos, de R$ 989 milhões e que é primordial para concluir as obras do
metrô, ainda depende de o Rio comprovar que está adimplente com o governo
federal, para ter o aval do Ministério da Fazenda e do BNDES.

Na passagem de Temer pelo Rio, ele teve uma reunião
privada com Dornelles e Paes, que foi o porta-voz de uma série de pleitos. Entre
eles, pediu ao governo federal que faça o possível para auxiliar na liberação
dos recursos para o metrô. E requisitou que o limite de endividamento do estado
seja ampliado de forma a assegurar o pagamento do funcionalismo.

Segundo a Secretaria estadual de Transportes, as obras
do metrô não estão paradas. A pasta não deu uma previsão, no entanto, de quanto
tempo poderá manter o ritmo atual de obras, aguardando a decisão de Temer.
Enquanto isso, o estado apresentará hoje a estação de São Conrado da Linha 4,
com as obras civis e os serviços de acabamento concluídos.