Saúde

Cascavel: 77,4% óbitos por Covid-19 não tinham completado o ciclo vacinal

Em janeiro e fevereiro deste ano morreram em Cascavel 115 pessoas em decorrência da Covid-19, sendo que apenas 26 delas tinham todo o esquema vacinal com as três doses do imunizante

Cascavel: 77,4% óbitos por Covid-19 não tinham completado o ciclo vacinal

 

Cascavel – Um levantamento realizado pelo o setor de Epidemiologia da 10ª Regional de Saúde de Cascavel confirma o que muitos médicos e os órgãos de saúde do Brasil e do mundo reforçam: a vacinação é fundamental. Em janeiro e fevereiro deste ano morreram em Cascavel 115 pessoas em decorrência da Covid-19, sendo que apenas 26 delas tinham todo o esquema vacinal com as três doses do imunizante, ou seja, apenas 22,6% dos pacientes, e o restante, 77,4% não tinha tomado todas as doses.

Além disso, o levantamento aponta que das 115 pessoas que vieram a óbito, 39 delas não tinham tomado nenhuma das doses, 4 somente a primeira e 46 as duas doses. Além disso, foram identificados dois óbitos de crianças menores de 5 anos de idade, o que não indicam a aplicação de vacina, já que o esquema vacinal é indicado para as crianças de 5 a 11 anos.

De acordo com chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 10ª Regional de Saúde, Maria Fernanda Ferreira, os dados demonstram a importância da vacinação e que todos devem estar atentos para completar o esquema vacinal preconizado, cuidando dos prazos com a consciência de que quanto mais pessoas vacinadas, melhor é o combate ao vírus.

O médico Rodrigo Nicácio que analisou os dados dos óbitos e da cobertura vacinal, disse que a falta de vacinação das pessoas é o que faz com que os internamentos e óbitos ainda continuem. “Ainda tem gente que não acredita nas vacinas e a quantidade de atrasados cresce. O bom momento da redução de casos faz com que com que muitos se acomodem e não procurem as unidades para as vacinas”, explicou.

Segundo o médico que trabalhou na coordenação do Consamu Oeste nos piores momentos da pandemia, os números mostram que, não completar o próprio esquema de vacinação, aumenta a chance de óbito de forma considerável. “A vacina está disponível e até ‘sobrando’ nas unidades que não possuem filas há 3 meses. A hora de completar o esquema é agora, com a pandemia em baixa, pois os organismos precisam de 4 semanas para que os anticorpos sejam devidamente produzidos e o cidadão ser considerado efetivamente imunizado”, salientou.

 

Milhões de faltosos

Um levantamento realizado pela Secretaria Estadual de Saúde e divulgado ontem (22) apontou que 3.862.627 pessoas tomaram a primeira e segunda doses, que é o esquema primário completo, mas que por algum motivo não especificado não retornaram para a dose de reforço no prazo recomendado pelo Ministério da Saúde, ou seja, a dose reforço. Os dados são da Interface de Programação de Aplicações de Consumo de Dados contidos na Rede Nacional de Dados em Saúde e são mais fieis do que o vacinômetro nacional porque refletem um cruzamento de CPFs, impedindo eventual duplicidade ou atraso na notificação.

Com o novo cenário da flexibilização do uso de máscaras em espaços abertos no Paraná, a vacinação contra a Covid-19, organizada pela Sesa e pelos 399 municípios do estado, ganha um papel ainda mais importante. Quase 80% da população está com a cobertura vacinal completa, com duas doses ou a dose única, mas muitos acima de 18 anos não compareceram ainda aos postos de saúde para esta terceira dose, os “faltosos” do esquema vacinal

O número de 3.862.627 leva em consideração um universo de 8.207.305 pessoas que estão aptas a tomarem o reforço, ou seja, quase 50% deste total. A prevalência da ausência é na faixa etária de 20 a 34 anos. Dos faltosos, 39,75% correspondem àqueles que receberam o esquema primário com doses da AstraZeneca, 34,43% com Pfizer, 22,38% com CoronaVac e 3,44% com Janssen. Por outro lado, 81,97% dos que têm entre 70 e 74 e 81,28% dos que têm entre 65 e 69 anos tomaram a dose reforço.

 

Nos municípios

Dentre os municípios, Altamira do Paraná, Nova Cantu, Corumbataí do Sul, Piên, Janiópolis, Guarapuava, Boa Vista da Aparecida, Mamborê e Jundiaí do Sul registraram o maior número de faltosos para a dose de reforço, todos com mais de 70% de ausência da população. Em Curitiba, a taxa é de 45,26%, com 683.672 pessoas acima de 18 anos em falta com a vacina. Londrina (32,20%), Maringá (40,27%), Cascavel (41,69%) e Ponta Grossa (45,56%) registram números acima dos 30%.

Uniflor, situado na área de abrangência de Maringá, teve o menor índice. Das 2.023 pessoas aptas à imunização, 496 estão em atraso (24,52%). Em seguida estão os municípios de São Pedro do Ivaí (24,58%), Alvorada do Sul (24,86%) e São Pedro do Ivaí (25,13%).

 

Recomendação 

No mês de fevereiro o Ministério da Saúde recomendou a aplicação de uma dose de reforço para os adolescentes 12 a 17 anos que estejam imunocomprometidos. A orientação é de que o esquema primário de vacinação desse grupo deve ser feito com três doses, com intervalo de oito semanas entre elas.

Após a conclusão desse esquema, é recomendada ainda uma dose de reforço quatro meses após a terceira dose ou dose adicional. Essa orientação já vale para a população adulta, com mais de 18 anos, com alto grau de imunossupressão. A vacinação para o público adolescente imunocomprometido deve ser feita obrigatoriamente com a vacina da Pfizer.

 

 

AEN

 

Vacina é a principal estratégia de prevenção e combate á Covid-19

 

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, a vacinação é a principal estratégia de prevenção de saúde pública para conter a pandemia da Covid-19, contribuindo para a diminuição do número de mortes e dos casos mais graves da doença, além de permitir a tomada de decisões por parte do Estado, como o uso de máscaras. Por isso, aqueles que estão em falta com esta dose precisam fazer esse reforço.

“Temos vacinas para atender ao público e precisamos vacinar não só com a segunda dose, que garante proteção completa, mas também com a dose de reforço. Toda semana recebemos vacinas, então, precisamos é que as pessoas se conscientizem da importância desse complemento. Caso seja ultrapassado o prazo, é fundamental que o cidadão procure uma unidade básica de saúde assim que possível”, finalizou.

Beto Preto lembrou a dose reforço é para aqueles que já completaram o esquema primário e têm mais de 18 anos, além de gestantes e imunossuprimidos. O intervalo deve ser de quatro meses entre as doses da CoronaVac/Butantan, AstraZeneca/Fiocruz e Pfizer/BioNTech, sendo aplicado a dose de reforço preferencialmente com o imunizante da Pfizer/BioNTech e de forma alternativa AstraZeneca/Fiocruz. Para quem tomou a dose única da Janssen/Johnson&Johnson, o Ministério da Saúde recomenda um intervalo de dois meses com o mesmo imunizante.