WASHINGTON – O governo de Donald Trump está fazendo uma revisão completa das políticas americanas em relação a Cuba, anunciou na sexta-feira o porta-voz Sean Spicer. Trump já havia ameaçado reverter o processo de reaproximação diplomática com Havana.
Segundo o secretário de imprensa, o foco da ação é revisar num todo as políticas de direitos humanos, como parte de um compromisso global no tema por parte do governo. Ele levantou o tema após ser questionado sobre os planos para o país. Trump Cuba
No fim de janeiro, o presidente de Cuba, Raúl Castro, disse estar disposto a manter um “diálogo respeitoso” com Trump, mas sem concessões sobre soberania. Ele assumiu a postura durante um pronunciamento na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na República Dominicana.
? Desejo expressar a vontade de Cuba de continuar negociando os assuntos bilaterais pendentes com os Estados Unidos com base na igualdade, na reciprocidade e no respeito da soberania e da independência do nosso país, e prosseguir o diálogo respeitoso e a cooperação nos temas de interesse comum com o novo governo do presidente Donald Trump.
Raúl disse, no entanto, que há limites às concessões.
? Cuba e EUA podem cooperar e conviver civilizadamente, respeitando as diferenças e promovendo aquilo que beneficie ambos países e povos, mas não se deve esperar para isso que Cuba realize concessões inerentes a sua soberania e independência ? disse ele.
O presidente cubano também manifestou que é desejável que Trump “opte pelo respeito pela região”, mas considerou “preocupante que tenha declarado intenções que põem em risco” os interesses regionais nos âmbitos do comércio, do emprego, da migração e do meio ambiente.
Trump ameaça reverter as políticas de degelo adotadas pelo governo de Barack Obama. Em novembro, quando da morte do irmão de Raúl, o histórico líder Fidel Castro, Trump chamou o revolucionário de “ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas”.
“O legado de Fidel Castro é de pelotões de fuzilamento, roubo, sofrimento inimaginável, pobreza e negação de direitos humanos fundamentais”, disse Trump em nota.
Trump também sugere que a liberação de presos da base naval de Guantánamo, tema de confronto entre os países, deverá ser freada. Guantánamo mantinha 250 prisioneiros quando Barack Obama chegou à Presidência em 2008. Oito anos mais tarde, o número de detidos era de menos de 59. Durante seus dois mandatos, desmobilizou grande parte da cadeia ? marcada por abrigar acusados de terrorismo, muitos sem indiciamento, e sob críticas por suposta tortura ?, mas não conseguiu fechá-la.
