Policial

Carta relata benefícios conseguidos por integrantes do PCC

Segundo agentes da penitenciária, documento já foi entregue ao Depen-PR

Cascavel – A menos de duas semanas de completar um ano da rebelião na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), O Paraná teve acesso a uma carta enviada pela chefia do PCC (Primeiro Comando da Capital), que atua dentro da unidade para os demais detentos da facção.

O documento, que segundo agentes penitenciários que não querem se identificar, já teria sido repassado ao Depen (Departamento Penitenciário) em Curitiba, que estaria ciente da situação na Penitenciária. Na carta, intitulada como “salve de conscientização”, os presos falam da situação no local desde o fim do motim, em agosto do ano passado.

Conforme o relato, no dia 3 de dezembro do ano passado, 16 presos tiveram uma reunião com o juiz da VEP (Vara de Execuções Penais), Paulo Damas, onde foi feita uma denúncia contra os agentes do “plantão Alfa”, citando maus-tratos praticados, inclusive com ameaças de morte. Em um trecho eles dizem “… depois dessa atitude que nos fortaleceu” eles teriam conseguido a transferência dos agentes, como noticiado pelo Hoje na edição de sábado, dia 8 deste mês.

Conforme a carta, os presos tentaram “dialogar com a direção” e que os agentes transferidos “barravam o trabalho, ameaçando quebrar a direção e o chefe de segurança” se algum benefício fosse liberado para os presos.

Depois da troca de agentes, o preso, que se diz “gerente da unidade”, conta aos demais faccionados que as regalias que havia na penitenciária, foram conquistadas novamente. “… jamais estamos nos vangloriando como faccionados, mas com muito trabalho, dedicação e suando as camisas, conseguimos abrir esses espaços aonde que de bate-pronto foi reformado o ‘motel’ e posteriormente foi liberado e conquistado as sacolas novamente e agora as televisões”.

Em outro trecho, o preso fala a respeito da rebelião, que teria sido motivada por sete anos de opressão dentro da PEC. Segundo eles, o motivo que levou um preso a ser decapitado durante a rebelião, a morte, seria o fato de que ele estaria “atrapalhando os trabalhos” da facção.

Eles alegam que estão trabalhando com cautela dentro da unidade para trazer mais benefícios aos presos e que estão “pregando paz hierárquica no prédio para reconquistar e abrir espaços”.

Segundo um dos agentes penitenciários, a carta demonstra o poder da facção dentro da unidade.

“Não estamos afirmando que há conivência, mas é no mínimo estranho que os presos que possuem faltas graves, como eles citam na carta, continuam recebendo todos os benefícios que tinham anteriormente”.

O agente conta ainda que a minoria domina todo espaço.

“Eles comandam não só os presos, mas a penitenciária como um todo. Mesmo com a capacidade reduzida uma nova rebelião não está descartada. Eles, inclusive, ameaçam isso se não conseguirem o que querem”.

A reportagem de O Paraná entrou em contato com a atual direção da Penitenciária por telefone e fomos informados que o diretor, Valdecir Gralick Alves, estava em reunião. Não houve retorno por parte do diretor. Gralick assumiu a unidade há cerca de três meses e na reportagem de sábado disse desconhecer que o PCC domine a unidade.

(Com informações de Tissiane Merlak)