Curitiba – Os escândalos envolvendo o grupo JBS, a recente operação Carne Fraca, que mostrou misturas nada saudáveis em produtos processados, aliados à queda no poder aquisitivo do brasileiro devido à crise econômica, provocaram uma significativa mudança na mesa dos paranaenses. A tendência é facilmente observada nos supermercados, onde a procura pela carne de frango é muito superior às demais carnes. Os supermercados respondem por 70% de toda a comercialização de carne in natura do País.
Conforme o Sindicarnes-PR (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná), com sede em Curitiba, o consumo per capita de carne de boi tem caído drasticamente nos últimos cinco anos. De um consumo estimado em 40 quilos de carne ao ano por pessoa, hoje mal chega a 28 quilos/ano. Enquanto isso, a carne de frango ganhou espaço na mesa. O consumo per capita há cinco anos era de 43 quilos/anos e hoje chega a 50 quilos/ano. Já o consumo da carne suína tem variado, mas pouco, e praticamente se mantém em 15 quilos per capita ao ano.
Exportações
Mas se no mercado interno a carne de frango é bem vista, no exterior a avicultura volta a viver um de seus melhores momentos.
A balança comercial no Paraná apresentou crescimento de 40% de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 1,408 bilhão.
Preço em queda
O Sindicarnes-PR observa que o preço do boi começa a ter queda nas prateleiras, mas ainda insuficiente para fazer frente ao avanço da carne de frango. Isso porque essa queda no preço do boi é atrelada justamente à baixa demanda no mercado interno.
Hoje o valor investido na compra de um quilo de carne de boi é suficiente para levar para casa três quilos de carne de frango, o que faz muita diferença na hora das compras.
Pecuaristas esperam reação
A expectativa dos pecuaristas dedicados ao gado de corte é com relação aos festejos de fim de ano, quando o consumo de carne de boi costuma reagir. Mas sabem que ainda não será suficiente para amenizar o impacto negativo de notícias envolvendo a carne bovina brasileira.
Ontem a arroba do boi estava cotada a R$ 178 no Paraná, contra R$ 130 no Mato Grosso, R$ 129 no Pará e R$ 140 no interior de São Paulo. No Paraná existem dois frigoríficos de carne bovina de médio porte na região noroeste, que abatem 700 animais por dia.
A pecuária paranaense ainda tenta sacudir a poeira do tombo sofrido em 2008, por conta da crise da aftosa, que atingiu duramente as exportações.
Se no mercado interno o cenário não é dos melhores, o setor aposta agora na retomada das exportações para recuperar o prejuízo.
O Paraná conta atualmente com um rebanho de corte de 9,5 milhões de cabeças de gado.
Paraná responde por 35,8% das exportações de carne de frango
O mês de agosto confirmou as expectativas positivas do setor avícola paranaense. O período registrou o maior volume de embarques do ano, com 150,37 mil toneladas exportadas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O número é aproximadamente 15% superior ao mesmo mês do ano passado, quando 130,77 mil toneladas foram escoadas pelos portos paranaenses.
Com o resultado, o Paraná respondeu por 35,86% das exportações de carne de frango do País, somando receita de US$ 239.087.100. Segundo a Secex, no acumulado, 1,05 milhão de toneladas foram embarcadas pelo Estado, volume ligeiramente inferior (-1,4%) ao mesmo período do ano passado, em que 1,07 milhão de toneladas foram exportadas.
"A qualidade e a sanidade do que produzimos e, consequentemente, do que enviamos para fora do País são singulares. No primeiro semestre, nossos importadores mantiveram a confiança na indústria avícola do Paraná e do Brasil devido à estrutura e o status sanitário que já conhecem, permitindo a manutenção dos números positivos", argumenta Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado Paraná.
Produção
Os abates também tiveram um bom desempenho, aponta levantamento do Sindiavipar. Ao todo, a produção no mês de agosto somou 161,14 milhões de aves abatidas, ante 154,76 milhões no mesmo período do ano passado. Resultando em um crescimento de aproximadamente 4%.
No acumulado dos oito meses, 1,2 bilhão de aves foram abatidas pelas indústrias avícolas do Paraná, volume 0,4% superior ao somado no mesmo período de 2016 (1,19 bilhão).
