Cotidiano

Cármen Lúcia recebe crianças de abrigos no STF

BRASÍLIA ? Palco de julgamentos de esquemas de corrupção e de causas polêmicas, o Supremo Tribunal Federal (STF) foi transformado em uma espécie de casa de brincadeiras no Dia das Crianças. A presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, recebeu 54 crianças e adolescentes de abrigos do Distrito Federal. Teve apresentação de dança, distribuição de presentes e até lanchinho, feito no estilo piquenique no chão da Segunda Turma, onde normalmente são julgados os processos da Lava-Jato. Os presentes foram comprados por servidores do Tribunal, que dividiram as despesas.

Mesmo vestida com roupas formais de ministra, Cármen sentou-se no chão com as crianças para conversar e comer. Puxou papo com várias, quis saber o que vão ser quando crescer e elogiou roupas e cabelos. Um menino que tinha os cabelos tingidos de papel crepom cor-de-rosa ganhou muita atenção de Cármen. Uma menina ensaiou chamá-la de ?tia ministra? e foi corrigida pela interlocutora.

? É tia Carminha ? declarou.

As crianças são de quatro abrigos diferentes. Muitas aguardam a adoção. Outras ainda poderão ser reinseridas no convívio familiar, de onde foram tiradas por alguma situação de risco. Há pais violentos, usuários de drogas ou que estão presos. Se a família não conseguir se reestruturar, essas crianças acabarão sendo destinadas para a adoção. Cármen contou ter ficado triste quando um menino de 15 anos pediu a ela uma família, já que era juíza. O rapaz deu à ministra um quadro que pintou com tinta guache em uma tela.

? Como eles estão numa situação de espera, numa situação mais instável na vida, alguns querem ser pais, alguns querem ter uma família. São conversas muito diferentes das que a gente tem no dia a dia com as nossas crianças. Alguns querem estudar, mas falaram muito de família ? contou a presidente do STF.

A ministra ponderou que ainda há muita burocracia no processo de adoção no Brasil. Como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela prometeu melhorar o cadastro de adoção para facilitar a vida de quem está nas duas filas: para adotar e para ser adotado.