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Canoagem slalom: Ana Sátila tenta a volta por cima no Rio

Ana Sátila veio ao Rio para exorcizar um fantasma. No Pan-Americano de Canoagem, que acontece neste final de semana, em Deodoro, a mineira de 20 anos se reencontra com a pista olímpica, onde teve a pior atuação da carreira. No Rio-2016, a atleta era cotada para o pódio na categoria K1, mas acabou sendo punida em 50 segundos por errar uma das balizas (passou por fora), e ficou fora das semifinais.

– Me sinto mal de voltar ao Rio. Ainda não digeri muito bem o que aconteceu na Olimpíada. Me dediquei muito para cometer um erro que só cometia no início da carreira. Se não fosse pela punição, eu teria terminado com o segundo melhor tempo do dia – lamenta Ana Sátila, que treina e mora em Foz do Iguaçu junto com a seleção brasileira.

É compreensível a frustração de Ana. Afinal, ela dedicou quase um quarto de sua vida para a Olimpíada. E ela tinha chances reais de pódio, tanto que foi prata em uma etapa da Copa do Mundo, em Praga, logo após os Jogos.

Sem saber como lidar com a eliminação no Rio-2016, Ana procura mirar em Tóquio-2020, quando terá duas oportunidades de ir ao pódio. Isto porque a categoria C1, na qual conquistou o ouro no Pan de Toronto (ela também foi prata no K1), entrará na programação olímpica já nesta próxima edição do megaevento.

O K1 é um caiaque. O atleta vai sentado e consegue mover a embarcação com maior rapidez. Já no C1, que é uma canoa, o atleta fica de joelhos e tem mais dificuldade para se equilibrar. Nesta nova modalidade olímpica, o atleta que acertar melhor a linha da descida leva vantagem, pois a recuperação após um movimento errado é bem mais lenta do que no K1, por exemplo.

– Me sinto mais à vontade no K1. Mas já consegui bons resultados no C1, que é uma categoria tecnicamente mais fraca, pois todos as principais atletas focavam os treinos no K1, que já era olímpico. Agora, com o C1 entrando na agenda olímpica, a tendência é que o nível da categoria aumente – acredita Ana, que vai disputar em novembro uma competição de C1 na Nova Zelândia. – Quero sentir como está o nível mundial do C1 neste início de ciclo olímpico.

Nesta sexta-feira, Ana treinou as duas modalidades na pista de Deodoro. O Pan-Americano, que acontece junto com o Sul-Americanos e reúne 50 canoístas de sete países, deveria ter começado na sexta. Mas a organização não conseguiu, junto ao corpo de bombeiros, um documento de liberação da área a tempo e teve de adiar o início para este sábado, a partir das 9h.

– Adiamos o torneio. Mas realizaremos o campeonato no sábado e no domingo sem problemas – garantiu João Tomasini, presidente da Confederação Brasileira de canoagem.

Tomasini anda satisfeito com o legado da pista olímpica, que está sendo dividida entre o esporte de alto rendimento e o lazer para os moradores da região, que utilizam o reservatório como uma espécie de “piscinão”. A tendência, entretanto, é que esses dois lados fiquem ainda mais próximos.

– A partir de 30 de novembro, vamos passar a dar aulas de canoagem para as crianças da região. A ideia é atender cerca de 200 alunos. E quem sabe não encontramos algum talento por aqui – sonha Tomasini.