Cotidiano

Cannes: filme de Sean Penn com Charlize e Bardem é motivo de piada

Links Cannes 18/5CANNES ? Aguardado com ansiedade em Cannes, ?The last face?, novo longa dirigido pelo americano Sean Penn, foi motivo de risos e piadas durante e após a estreia mundial na competição do 69º Festival de Cannes, na manhã desta sexta-feira (20). Protagonizado por Charlize Theron e Javier Bardem, o filme é uma história de amor entre um médico de uma ONG e a diretora de uma agência internacional de socorro a regiões em conflito, ambientada entre campos de refugiados da África. Repleto de diálogos melosos, cafonas, e situações românticas canhestras, a trama compromete a relevância da mensagem humanitária desejada pelo ator e diretor ativista.

? Defendo o filme como o ele é. Claro que todo mundo tem direito a reagir a ele da forma que quiser ? disse o ator e realizador de 55 anos, que competiu pela Palma de Ouro pela primeira vez com o drama criminal ?A promessa? (2001), durante a coletiva de imprensa.

?The last face? é centrado no tortuoso relacionamento entre Miguel Leon (Bardem), obstinado e teimoso cirurgião dos Médicos Sem Fronteira, e a Dra. Wren Petersen (Charlize), que trabalha nas coxias para levantar fundos para causas humanitárias. Os dois se conhecem durante a Guerra Civil da Libéria, em 2003, e tentam manter o sentimento que nutrem pelo outro ao mesmo tempo em que buscam sobreviver durante o trabalho de campo em várias zonas de conflito na África. O filme vai e volta para 2014, na África do Sul, quando Miguel tenta uma reaproximação com Wren, depois de quase 10 anos de separação.

As filmagens de ?The last face? foram concluídas pouco tempo que Penn e Charlize terminaram o relacionamento, em maio do ano passado. Meses depois, o diretor e o elenco de se reuniu novamente para rodar cenas adicionais.

? Embarco no processo de fazer filmes olhando para o mundo, no qual a definição de capacidade tem uma aceitação bem-sucedida. Há uma estranha dicotomia sobre se o mundo está passando ou não por um dos momentos mais difíceis, e mais pessoas estão morrendo. Eu me interesso por filmes como esse, em que o amor está em guerra, e como essas coisas se misturam ? comentou o diretor.

Conhecido por seu ativismo político ? ele participou dos esforços para a recuperação do Haiti após o terremoto de 2010 ? Penn, acredita no valor do entretenimento como difusão de mensagens em defesa de grandes causas.

? Acho importante entreter, quando entretenimento não é sinônimo do comportamento de um Donald Trump ? observou o diretor, referindo-se ao candidato republicano que disputa a indicação do partido para a eleição presidencial americana deste ano. ? Muita coisa do filme é atual. A fome e ódio estão nos afastando de nossa humanidade. A melhor solução é encontrar beleza nas coisas. Mas o que entendemos por beleza hoje em dia é quase sempre uma perversão. E isso é lamentável.

* Carlos Helí de Almeida está hospedado a convite do Festival de Cannes