Cotidiano

Candidatura do PMDB poderá levar outros candidatos à desistência

BRASÍLIA – A decisão do PMDB de disputar a Presidência da Câmara com candidatura própria afeta o cenário da eleição, pode enfraquecer a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e levar até mesmo à desistência de candidaturas já postas, como a do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Na opinião de líderes e de candidatos, Castro, além do apoio de parcela importante do PMDB, também pode levar boa parte dos votos da nova oposição, especialmente PT e PC do B por ser um candidato que votou a favor do impeachment.

O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), admite que a entrada de Marcelo Castro no páreo leva a novas movimentações dos candidatos e à necessidade de união maior entre os partidos da antiga oposição: PSDB-DEM-PPS e PSB.

— Obviamente que a candidatura do PMDB deu uma mexida no tabuleiro da eleição, mas uma coisa que estamos trabalhando é a unidade do nosso grupo, a união informal dos partidos da antiga oposição. E vamos aguardar segundo turno para conversas com PMDB — afirmou Avelino.

Júlio Delgado, que venceu na bancada do PSB a disputa com Heráclito Fortes (PI), ainda avalia o novo cenário e diz que haverá conversas dentro do bloco de partidos da antiga oposição depois que o PMDB decidiu lançar a candidatura de Marcelo Castro.

Entre os aliados da antiga oposição, a avaliação é a de que o número elevado de deputados do centrão prejudica a candidatura do líder do PSD, Rogério Rosso (DF). A candidatura de Fernando Giacobo (PR-PR), que estaria tendo a atuação forte do presidente de fato da legenda, Valdemar Costa Neto, também é tida como forte na Casa, com a possibilidade de arregimentar cerca de 80 votos. Há também as candidaturas sem chance de vitória, como a de Cristiane Brasil (PTB-RJ), mas que acabam dividindo os votos do centrão. E que a decisão do PMDB de ter candidato próprio também tira votos de Rosso.

— Rosso está diluindo a candidatura dele com outros candidatos. Nem o PTB, aliado de primeira hora de Rosso, conseguiu evitar uma candidatura. No PR, a do Giacobo é uma candidatura com voto — avalia um dos líderes da antiga oposição.

Já entre os líderes e deputados do centrão, a decisão da candidatura de Marcelo Castro afeta principalmente a candidatura de Rodrigo Maia.

— A candidatura do Marcelo Castro é boa porque esvazia a do Rodrigo Maia. É uma candidatura legítima, mele tem potencial, tem amizade na Casa. Não deve mexer muito com a do Rosso. Calculo que Rosso tenha entre 140 e 170 votos garantidos no primeiro turno. Os votos dele estão mais ou menos consolidados – avalia um dos líderes do centrão.

Entre deputados da nova oposição – PT, PC do B, PDT, Rede e PSOL – o nome de Marcelo Castro é elogiado, mas há os que analisam com certa desconfiança a guinada do PMDB de apoiar oficialmente uma candidatura. Até ontem, a decisão do PMDB era de não ter candidatura própria. Para alguns deputados da esquerda, pode ser uma jogada do centrão e do PMDB, com possível apoio do Planalto, para tirar Rodrigo Maia da disputa no segundo turno e viabilizar a vitória de Rogério Rosso (PSD-DF), do grupo ligado a Eduardo Cunha.

PSDB PODE DEFINIR QUEM IRÁ PARA O 2º TURNO

Outro efeito importante dessa decisão é o peso que ganhou a bancada de 51 deputados do PSDB na definição de qual candidato poderá se cacifar para a briga do segundo turno.

— Quem o PSDB apoiar, irá para o segundo turno — avalia um tucano.

Na tarde desta terça-feira, o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), recebe na liderança do partido vários candidatos à Presidência, mesmo os que têm menos chance, como o corregedor da Casa, Carlos Manato (SD-ES). Os tucanos decidiram que não irão lançar candidatos nesta eleição tampão. E que irão conversar com os candidatos antes de tomar posição.