Cotidiano

Canal Futura lança série sobre boas práticas de diretores

RIO ? Não há escola perdida. É isso que mostra o Canal Futura com a história de cinco colégios na série de reportagens ?Era uma vez outra escola?, lançada nesta sexta-feira no encontro Educação 360, realizado pelos jornais O GLOBO e ?Extra?, em parceria com o Sesc e apoio da Coca Cola Brasil, da TV Globo e do Canal Futura, na Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá.

O jornalista Antônio Gois, colunista do GLOBO, passou por colégios de São Luís dos Montes Belos, em Goiás, Campinas, no interior paulista, Campo Alegre, de Alagoas, Rio de Janeiro e Teresópolis (RJ). No lançamento, duas diretoras da série estiveram presentes: Leslie Maria de Oliveira, da Escola municipal Costa e Silva, no interior de Goiás, e Valquíria Batista de Assis, da Escola municipal Dom Constantino.

? Apaixonei! ? brinca a mineira Maria do Pilar, ex-secretária de Educação Básica do MEC: ? Eu recomendaria trocar o nome da escola. Estudar em escola com nome de ditador… sem chances. A gente fala muito de comunidade que participa, mas tem participação que é muito superficial. E ela vai se tornando de verdade quando há identidade e reconhecimento.

O Educação 360 exibiu com exclusividade o primeiro episódio da série. Ele conta a história de como Leslie encontrou um colégio onde alunos usavam e traficavam drogas dentro da unidade. A gestora decidiu colocar as coisas em ordem: chamou pais e professores para limpar a escola. Foram 14 caminhões de entulho jogados fora. Depois de colocar a casa em ordem e conquistar a rede, veio a ameaça da militarização. O estado de Goiás tem um programa que coloca escolas na mão da Polícia Militar. Os alunos, então, se rebelaram. Ocuparam a escola. A mobilização cresceu. Todos os pais de alunos assinaram um documento contra a medida. E a escola venceu.

? A gente vive de detalhes. São pequenas coisas que fizeram a escola ser o que ela é hoje. Por exemplo, comprar uma máquina de lavar fez uma enorme diferença. Na época de chuva, muitos alunos que vêm das áreas rurais chegam molhados e sujos. Então, eles pegam uniformes que já tem lá na escola e botam os dele para lavar. No fim da aula, pegam as suas roupas que já estão limpas e voltam para a casa ? explica.

SIMPLICIDADE COMO SOLUÇÃO

Ricardo Henriques, Superintendente Executivo do Instituto Unibanco, ressaltou no lançamento da série que em quase todas as experiências há um componente de simplicidade para resovler problemas complexos.

? Há nessas histórias determinação em torno de soluções simples para resolver coisas complicadas. Quem já andou em escolas onde há tráfico sabe que é dificílimo ? aponta.

Já no colégio de Valquíria, o problema era a indisciplina. O nome dela, num primeiro momento, não foi bem recebido. Os homens, segundo os alunos, não aceitavam ser liderados por uma mulher. Valquíria enfrentou até ataques contra seu carro. Passado o batismo de fogo, ela se aproximou dos meninos em três meses. Um mutirão foi feito para reformar a escola. Nele, trabalharam o marido da diretora e os amigos da igreja. Os alunos passaram a ajudar. E a escola se transformou.

? Só estudava no Dom Constantino quem não tinha como ir para outro lugar. Tínhamos em torno de 700 alunos quando assumi. Agora, são 1.250. Alunos de outras cidades e de colégios particulares estão vindo estudar com a gente ? conta.

A inspiração para a série do Futura surgiu da história do diretor vencedor do prêmio Educador Nota Dez de 2015. Ele transformou a realidade de uma escola em São Paulo que era conhecida pela violência entre alunos e contra professores. Para mudar, o diretor Diego Mahfouz Faria Lima criou com os alunos um novo código disciplinar, que deu voz aos jovens. A partir desse exemplo, o Canal Futura buscou outras iniciativas no país.

* Do “Extra”.