Cotidiano

Cameron para Corbyn: ?Pelo amor de Deus, homem, vá embora?

LONDRES — O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu nesta quarta-feira ao líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, que renuncie ao cargo, unindo-se à revolta trabalhista, em um gesto e tom de voz pouco comuns.

— Deveria ser do interesse de meu partido que ele ficasse, mas não é do interesse nacional, por isso devo dizer: pelo amor de Deus, homem, vá embora! — afirmou Cameron a Corbyn, em tom irritado, durante a sessão parlamentar de perguntas ao primeiro-ministro.

Na véspera, o líder opositor afirmou que não renunciará ao cargo, apesar de ter perdido um voto de desconfiança por 172 votos contra e 40 a favor.

A moção não obriga Corbyn, de 69 anos, a abandonar o cargo, já que deve ser ratificada pelos afiliados do partido. Mas coloca o experiente político socialista em uma situação muito difícil, acusado de falta de liderança durante a campanha do referendo que deu vitória ao Brexit (saída do Reino Unido da UE).

“Fui eleito democraticamente líder do nosso partido para uma nova forma de fazer política, por 60% dos membros trabalhistas e seus partidários, e não vou traí-los mediante uma renúncia. A votação dos deputado não tem qualquer legitimidade”, afirmou Corbyn em um comunicado emitido na terça-feira.

De acordo com os jornais britânicos, os deputados trabalhistas devem anunciar um desafio à liderança de Corbyn. Dois candidatos estão sendo apontados como favoritos para sucedê-lo — o vice-líder do partido Tom Watson e a ex-secretária de negócios Angela Eagle, do Gabinete paralelo.

Corbyn foi eleito no ano passado como líder do partido, provocando uma onda de entusiasmo pela sua agenda inclinada à esquerda. Mas ele está sendo alvo de críticas por diversos membros do Partido Trabalhista por não ter conquistado o coração dos eleitores do Norte da Inglaterra e em outras partes do país na campanha contra o Brexit.

Um antigo eurocético, o líder trabalhista já se defendeu das críticas anteriormente sobre a sua campanha no referendo, culpando as medidas de austeridade do governo.

A vitória do Brexit levou a uma revolta dentro do partido. Em menos de uma semana, dezenas de políticos trabalhistas, incluindo representantes do escalão, anunciaram sua renúncia.