Esportes

Caçula da competição, Giovana Prado Pass traçou na infância a meta de participar da Rio-2016

?Dar bom dia a cavalo?? é mais do que uma expressão para a amazona Giovana Prado Pass. Literalmente, é o que ela faz desde a infância. Criada em um haras, em Suzano, São Paulo, acostumou-se a acordar e ver os animais nas cocheiras pela janela de seu quarto. Porém, o significado do ditado completo ? ?quem fala demais dá bom dia a cavalo??, uma crítica a quem não tem limites na hora de soltar o verbo e acaba não conseguindo a atenção de ninguém ? não se aplica a ela. A insistência em se tornar uma atleta de hipismo foi tanta que chamou a atenção da família, que bancou seu sonho. Link Hispismo

Depois de amanhã, Giovana estreia na modalidade do adestramento, no Centro de Hipismo, em Deodoro. Aos 18 anos, a caçula da competição vai encarar atletas bem mais velhos, alguns com mais de 60 anos. Diante dos ídolos, humanos ou animais, ela não se furta de pagar de tiete e tirar fotos. Como fez toda a qualificatória no Brasil, nunca competiu com as grandes lendas do esporte.

? Eu sempre viajo para assistir às competições, mas nunca competi. Já tenho fotos com quase todos. Meu ídolo está aqui (o holandês Eduard Gal), cheguei perto dele e falei: ?Meu, eu te amo!??. Meus atletas preferidos estão aqui! Carl Hester, Steffen Peters…

RODRIGO PESSOA FOI INSPIRAÇÃO

A euforia típica de uma jovem estreante, no entanto, não retrata a seriedade de quem se impôs uma meta, ainda na infância. Antes mesmo de o Rio ser eleito sede olímpica, em 2009, Giovana já tinha traçado a própria trajetória. Ao ver Rodrigo Pessoa em ação, nos Jogos de Atenas-2004, virou para mãe e disse que iria estar numa Olimpíada. Fez as contas e definiu: será em 2016.

? Desde pequenininha estou treinando para isso. Lá, era sonho; aqui, é realidade. Quando comecei, fiz a conta e pensei: em 2016 vou estar com 18 anos e quero representar o Brasil. Aqui estou ? conta Giovana, que só encontrou o cavalo certo no ano passado, e sua mãe teve de comprá-lo. ? Era o cavalo montado pela filha do meu técnico (o português Paulo Caetano). Ano passado, fiquei ?descavalada?? (risos) após o meu cavalo se machucar. Meu treinador, então, pediu para eu montar esse (o garanhão lusitano Zyngaro de Lyw). Montei e na hora soube que precisava dele. Em janeiro, porém, veio o clique da sintonia e soube que teria chances. Ele tem linhagem vencedora, o pai dele foi prata em 2004. Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016

A paixão pelos cavalos beira a obsessão. Se deixar, Giovana é capaz de passar horas e horas falando sobre o assunto. Ela acorda, passa o dia e dorme para o hipismo. Não se importa em ser considerada ?estranha?? pelas amigas ao recusar os convites para bares e cinemas. Tudo para estar descansada e não comprometer os treinos e a faculdade de veterinária, que começou este ano ? claro, por causa dos cavalos.

? Não existo sem os cavalos. Nem me lembro de como era a minha vida antes deles ? brinca a amazona, que só abandona os animais para manter a forma na academia; ela ainda cuida da alimentação com suporte de uma nutricionista. ? Ela fica louca comigo, pois no dia da prova eu não consigo comer, vou praticamente em jejum.

?MAKE-UP? É INDISPENSÁVEL

Os olhos puxados ? característica ligada à origem japonesa ? sempre muito bem delineados provam que Giovana tem outros interesses além de equinos. A cada viagem ao exterior, ela reabastece sua nécessaire com maquiagem. Ali, não podem faltar base, pó, lápis de olho e rímel. O batom fica por conta da mãe, Roberta:

? Eu não saio de casa sem maquiagem. Sempre uso nos treinos e nas competições. Aí, minha mãe manda eu passar batom para ficar mais colorida. Ela diz que sem ele fico pálida e com cara de brava. Todo mundo, aliás, acha que sou brava, mas eu sou boazinha, um doce. Os recordes quebrados nos Jogos Rio-2016