Cotidiano

Caciques do PMDB minimizam efeitos da prisão de Cabral no partido

cabral2.jpgRIO – Após a prisão do ex-governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB-RJ), nesta quinta-feira, caciques do PMDB trataram de colocar panos quentes na situação. Eles encararam a operação como uma ação localizada e avaliaram que não deve causar efeitos negativos para o partido, muito menos para os governos do estado e federal. Destacaram, ainda, o direito de defesa de Cabral antes de julgamentos prévios.

ConteudoCalicuteO deputado Jorge Picciani (RJ) saiu em defesa de Cabral. Antes de presidir a sessão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) na tarde desta quinta-feira, o presidente da Casa, Picciani, falou rapidamente à imprensa sobre o assunto:

? Decisão judicial não se discute. Ele terá a defesa dele e provará sua inocência.

Já o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco (PMDB-RJ) – um dos principais auxiliares do presidente Michel Temer ? disse que a prisão não traz preocupação para o governo e é um problema localizado. Além disso, destacou, quando Cabral foi governador, era muito ligado à gestão petista e ao ex-presidente Lula, principalmente.

? Não há nenhuma preocupação em relação ao governo ? disse Moreira Franco ao GLOBO.

Mais cedo, ao abrir um seminário sobre infraestrutura, ele afirmou que o país vive um momento de “limpeza”, defendendo apoio às construtoras de médio porte, diante do envolvimento das grandes empreiteiras na Operação Lava-Jato.

? Estamos vivendo um momento de limpeza, de uma série de práticas, de governança, de transparência que estavam presentes na vida empresarial e sobretudo, no relacionamento entre o poder público e as empresas.

O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse nesta quinta-feira esperar que seja dado ao ex-governador Sérgio Cabral direito de defesa e que seria injusto fazer comentários sobre sua prisão sem saber os motivos que levaram a ela.

Jucá também acrdita que a prisão não afeta o partido por ser algo restrito ao pemedebista.

? O partido não afeta, Sérgio Cabral é algo restrito. É importante que se dê a ele direito de defesa. Não vamos personalizar nem no partido, nem no Rio de Janeiro. É importante que os fatos sejam investigados com profundidade e, a partir daí, se tire uma convicção, um julgamento na Justiça. Seria injusto antecipar qualquer julgamento se a gente desconhece os motivos da prisão? afirmou Jucá.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, demonstrou a mesma opinião que Jucá, e disse ainda que a ação representa uma demonstração da solidez das instituições e só prejudica a “má política”

? Garantido o direito de defesa e a presunção daqueles que foram atingidos, é parte do jogo democrático e só atesta a higidez e a solidez das nossas instituições ? disse Jungmann.

? O que (a investigação em torno de Cabral) pode afetar seria, efetivamente no caso de serem fundadas as acusações, a má política, aí eu espero que ela continue sendo bastante afetada, porque precisamos passar a política brasileira, e falo como parlamentar, a limpo.

Deputados do PMDB também procuraram minimizar os impactos para o futuro do partido no estado. Paulo Melo, que já foi presidente da Alerj, disse considerar a prisão de Cabral “desnecessária”:

? É algo que nos entristece. Não vi provas de que ele (Cabral) tivesse obstruído a Justiça. A prisão preventiva se tornou rotina. É mais fácil para um criminoso conseguir um habeas corpus do que alguém ligado à política.

O único líder a sair pela tangente foi Renan Calheiros. Ele se esquivou de opinar:

? Não vi ainda, não sei. Eu sinceramente não quero comentar esse assunto porque não tomei em profundidade conhecimento dele.