Cotidiano

'Cabeça dinossauro' vira livro com 13 escritores

20161123-170331.jpgRIO – Sintéticos e contundentes ? ?Polícia?, ?Porrada?, ?Igreja?, ?Dívidas?,
?Família?, ?AA UU? ?, os títulos das canções de ?Cabeça dinossauro?, terceiro
álbum da banda paulistana Titãs, intrigaram muita gente, que depois foi ouvir o
disco para ver se toda a promessa de raiva e violência se cumpria. Entre eles, o
futuro escritor André Tartarini, que tinha 10 anos de idade e estudava no
tradicional e religioso Colégio São Bento quando o ?Cabeça? foi lançado, em
1986.

Hoje, trinta anos depois, André é o organizador de ?Cada um por si e Deus
contra todos ? Cabeça dinossauro? (Tinta Negra Bazar Editorial), livro com 13
textos, cada um deles livremente inspirado em uma das treze faixas que compõem o
disco.

? Foi o primeiro disco dos Titãs que eu comprei. Ainda tenho o LP, com o meu
nome está escrito na capa, pela minha mãe, que era para que eu não o perdesse na
casa dos amigos do colégio. As músicas tinham uma agressividade que eu não
conhecia. (Em ?Bichos escrotos?), os Titãs gritavam ?vão se fuder!? ?
recorda-se André, que lança o livro nesta quinta-feira, às 19h, na Livraria da
Travessa de Ipanema (e dia 12 de dezembro, em São Paulo, na Blooks). ? As
músicas ali abriam portas bem definidas, parecia uma coisa programada. E,
juntas, elas formavam um mosaico bem objetivo. Quando chamei a galera para
escrever o livro, foi essa falta de unidade do disco que eu tentei manter. Cabeça Dinossauro, o livro - Capa (1).jpg

Com texto de apresentação do escritor e guitarrista dos Titãs Tony Bellotto
(?Eu duvidava de que um vinil tão insolente fosse capaz de sensibilizar um
mercado fonográfico mais para coelhinho peludo do que para bicho escroto?,
confessa ele), ?Cada um por si e Deus contra todos? (verso retirado da faixa
?Homem primata?) reúne um time heterodoxo de autores, que se espalham pelo
universo da ficção ? a exceção é a cantora e compositora Letícia Novaes, do
Letuce, que transforma ?Igreja? na confessional ?Saga sacra?.

A liberdade e a imaginação correm soltas no livro, com altas doses de sexo
& violência. O jornalista Ricardo Calazans faz de ?AA UU? o ?Vinte quatro
por sete?, uma aterrorizante ?ficção trabalhista?. Também jornalista, Renato
Lemos desafia o politicamente correto ao se inspirar em ?A face do destruidor?
para escrever ?Sistema de cotas?. A escritora e roteirista Juliana Frank carrega
no sexo no conto ?Nunca aperte o gatilho? (?Porrada?) e a filósofa Márcia
Barbieri leva o tédio de ?Tô cansado? para a raiva de ?Tô cansada?.

? O único escritor a quem eu designei uma das músicas do disco foi o Rafael
Sperling, que fez uma coisa bem imbecil a partir de ?Bichos escrotos? (o conto ?Os
animais são bem maneiros?
) ? revela André.

Os autores e as faixas:

“Cabeça dinossauro” – Zé McGill
“AA UU” – Ricardo Calazans
“Igreja” – Letícia Novaes
“Polícia” – Cristina Judar
“Estado violência” – Sergio Tavares
“A face do destruidor” – Renato Lemos
“Porrada” – Juliana Frank
“Tô cansado” – Marcia Barbieri
“Bichos escrotos” – Rafael Sperling
“Família” – Mirna Portella
“Homem primata” – Mariel Reis
“Dívidas” – Mario Ivo Cavalcanti
“O que” – Vivian Pizzinga

Lançamento no Rio:

Quinta-feira, às 19h. Na Livraria da Travessa de Ipanema – Rua Visconde de Pirajá, 572 ? Ipanema (3205-9002).

Lançamento em São Paulo

Dia 12 de dezembro, às 19h. Na Blooks Livraria – Rua Frei Caneca, 569, 3º piso, 406, Consolação (011 3259.2291).