Cotidiano

Brics podem criar agência de classificação de risco

GOA (Índia) – Entre as várias questões para alavancar investimentos, os chefes de Estado dos Brics discutirão a possibilidade de criar uma agência de avaliação de risco de crédito (rating) na reunião da cúpula do grupo, que será realizada neste fim de semana na Índia. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, o tema é controverso e tem a resistência apenas do Brasil.

A instituição teria natureza privada e voltada à avaliação de projetos e não de países. O tema tem sido bancado pela Índia. Na última discussão sobre o assunto, num encontro realizado em abril, somente a Rússia demonstrou interesse. Já a China questionou a credibilidade dessa agência se tivesse algum vínculo com governos.

Para tentar vencer essa resistência, o governo indiano voltou a defender, numa reunião preparatória feita em agosto, a proposta como forma de enfrentar distorções das agências de avaliação de crédito tradicionais, que tiveram a imagem bastante desgastada na crise financeira mundial de 2008. Numa sessão do Grupo de Contato para Assuntos Econômicos e Comerciais (CGETI), o governo indiano apresentou medidas para tentar driblar o problema da credibilidade e da independência política da agência tanto alertado pelo Brasil. Propôs que os bancos de desenvolvimento (não os governos) seriam os acionistas da instituição.

Na ocasião, o Brasil manifestou-se contrariamente. O Ministério da Fazenda diz que a instituição não teria credibilidade frente ao mercado porque seria vista pelo mercado financeiro como sendo controlada indiretamente pelos governos. Mesmo com o impasse, China e África do Sul demonstraram interesse e sugeriram que o tema fosse levado aos líderes do Brics para avaliação no encontro em Goa.

A Índia chegou a colocar a criação dessa agência em uma minuta da Declaração de Goa, que será divulgada no fim do encontro, a China ponderou que deveria estar expresso que a instituição seguirá as regras de mercado.

Por isso, na declaração final ? segundo fontes ouvidas pelo GLOBO ? os países do Brics devem construir uma saída diplomática para vencer a resistência do Brasil. Devem chegar a um acordo para ?explorar a possibilidade? de criar uma agência de rating do grupo baseada nas orientações do mercado. Os ministérios da área econômica de cada país ficarão encarregados de criar um modelo para isso.

Apesar da iniciativa, o Ministério da Fazenda tem dúvidas sobre a sua eficácia. Os técnicos da equipe economia ponderam que os bancos de desenvolvimento são empresas estatais e mesmo que fossem os principais acionistas da agência de avaliação de crédito, a instituição permaneceria subordinada aos governos na visão do mercado internacional.

BRICS BONDS

A avaliação dos demais países é que a criação da agência facilitaria a emissão de títulos do Brics implementação do projeto do BRICS Bonds. Esse é um tema que _ dentro do governo brasileiro ainda nem começou a ser discutido. Por isso, não há qualquer posicionamento.