Cotidiano

BRF em Toledo dá férias a cerca de 2 mil funcionários

Toledo – A BRF anunciou ontem que dará férias coletivas de 30 dias a cerca de 2 mil funcionários da linha de abate de aves do frigorífico de Toledo, no oeste do Paraná, a partir do dia 2 de julho. Segundo a empresa, a decisão foi tomada em função do anúncio da União Europeia ontem de que 20 estabelecimentos brasileiros estão proibidos de exportar frango para o bloco econômico. Desses, 12 são frigoríficos da BRF. O embargo entrará em vigor 15 dias após a decisão ser oficialmente publicada.

Em nota, a BRF destaca que “a decisão considera a necessidade de adaptações no planejamento de produção, em decorrência de ajustes para atender a demanda atual, que foi impactada pela interrupção das exportações de aves da companhia para a União Europeia”.

Do Paraná, são três unidades da BRF (em Toledo, Francisco Beltrão e Carambeí), além de plantas de cooperativas que não haviam sido implicadas na Operação Trapaça, como a Lar (Matelândia), Coopavel (Cascavel), Copagril (Marechal Cândido Rondon) e Copacol (Cafelândia). A empresa Avenorte, de Cianorte, também teve as exportações suspensas pela UE. A lista dos barrados ainda inclui os frigoríficos da BRF em Rio Verde (GO), Concórdia (SC), Dourados (MS), Serafina Correa (RS), Chapecó (SC), Várzea Grande (MT), Capinzal (SC), Marau (RS) e Nova Mutum (MT), além de empresas de menor porte como a Zanchetta Alimentos, de Boituva (SP); São Salvador Alimentos, de Itaberaí (GO); e Bello Alimentos, de Itaquiraí (MS).

Conforme comunicado da UE, a medida foi proposta devido a deficiências detectadas no sistema brasileiro oficial de controle sanitário.

Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF é a maior produtora mundial de frango.

Recurso à OMC

O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a União Europeia é seu principal comprador. O bloco é responsável por 7,5% do frango vendido pelo País ao exterior, em toneladas, e 11% em receita, segundo dados da Abpa.

Na terça-feira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o Brasil vai recorrer à OMC (Organização Mundial de Comércio) contra as restrições à carne brasileira pela União Europeia. Segundo Maggi, a Europa está usando preocupações sanitárias para tomar medidas comerciais contra o Brasil. Desde a deflagração da operação Carne Fraca, em março do ano passado, a União Europeia reforçou as medidas sanitárias contra o Brasil.

Com a deflagração de uma segunda fase da operação em março deste ano, a UE passou a avaliar a necessidade de novas medidas contra o frango brasileiro. Na ocasião, a BRF foi acusada de fraudar laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação em quatro unidades.

Para mitigar o problema, o próprio governo brasileiro suspendeu provisoriamente a exportação de dez fábricas da BRF de frango para a Europa. No entanto, o Ministério da Agricultura liberou na quarta-feira as unidades para exportar para UE, mesmo admitindo que elas poderiam ser barradas pelo bloco econômico em seguida.