Política

BRF aprova reestruturação e prevê arrecadar R$ 5 bi

São Paulo – Imersa há meses em grave crise nos negócios, a BRF, dona das marcas Sadia Perdigão, anunciou sexta-feira (29) a decisão de vender R$ 5 bilhões em ativos, passando para frente fábricas na Europa, na Tailândia e na Argentina. A venda das unidades faz parte de um amplo plano de reestruturação, que inclui ainda a demissão de mais de 4 mil funcionários no Brasil e redução dos cargos de chefia.

Maior exportadora de frango do mundo, a companhia afirmou que não pretende deixar de atender os consumidores europeus, argentinos e tailandeses. Mas seu foco, a partir de agora, serão os mercados brasileiro, asiático e muçulmano – este último com a atuação da Banvit, empresa adquirida no ano passado na Turquia.

O presidente global da companhia, Pedro Parente, afirmou que a BRF está, neste momento, redefinindo as prioridades de curto prazo. Com isso, desacelera o plano de internacionalização, que era prioridade na gestão anterior, sob o comando da gestora Tarpon e do empresário Abilio Diniz. “Não estamos modificando o plano de internacionalização. Estamos revendo estratégias”, disse em conversa telefônica com jornalistas após anunciar o plano.

O anúncio da reestruturação, que foi aprovada na tarde de sexta-feira pelo conselho de administração, ocorre duas semanas após Parente assumir a presidência da companhia, cargo que passou a acumular com o comando do colegiado. O plano é uma tentativa de reação da empresa, que sofreu baques sucessivos nos últimos meses.

Alvo no início do ano de nova fase da Operação Carne Fraca, na qual alguns de seus ex-executivos foram presos, a BRF teve vendas bloqueadas pela União Europeia e pela Rússia, perdendo acesso a alguns de seus maiores mercados. Mais recentemente, passou a sofrer sobretaxa da China. A greve dos caminhoneiros no Brasil também impôs forte revés nos resultados, afetando as vendas, com prejuízo aos embarques e ao abastecimento no mercado interno, e pressionando os custos. Os ajustes na estrutura fabril se tornaram necessários. Segundo a BRF, 5% dos 88 mil funcionários do Brasil terão sido demitidos ao final da reestruturação – parte já foi dispensada.