Economia

Brasileiros retêm R$ 271 bi em espécie, 29% a mais do que antes da pandemia

Esse é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001

Brasília – A crise provocada pelo novo coronavírus elevou a demanda dos brasileiros por dinheiro em espécie. Dados divulgados nessa quarta-feira (29) pelo Banco Central mostram que de fevereiro – antes da pandemia – para junho o papel moeda em poder do público (PMPP) saltou 29%, de R$ 210,2 bilhões para R$ 270,9 bilhões. Esse é o maior valor da série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.

O movimento chama a atenção por ocorrer em um momento da história econômica em que os países têm elevado as iniciativas para uso da tecnologia em transações comerciais – o que reduz a necessidade de papel moeda. Com a pandemia, porém, o cenário mudou: um adicional de R$ 60,672 bilhões em cédulas está em circulação no Brasil.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o aumento do papel moeda nas mãos do público nos últimos meses foi causado pela demanda da população com a liberação do auxílio emergencial mensal de R$ 600 pelo governo, durante a pandemia de covid-19.

“Se a população tem demanda por papel moeda, a função do BC é sancionar essa demanda. Se a população tem maior demanda por cédulas e moedas, o BC oferta. Se não fizer isso, haverá falta de numerário. Se a demanda cai, uma parcela disso é recolhida”, explicou Rocha.

Os dados do BC mostraram ainda que os depósitos à vista – recursos que estão nos bancos – também subiram de fevereiro para junho, em 25,3%. O montante passou de R$ 199,681 bilhões para R$ 250,112 bilhões. O avanço indica que parte da população que recebeu auxílio do governo não sacou os recursos em espécie e manteve o dinheiro dentro do sistema financeiro.

Em 22 de julho, o BC já solicitou ao CMN (Conselho Monetário Nacional) um reforço de R$ 437,9 milhões para atendimento do meio circulante. Com esses recursos, será possível elevar em R$ 100 bilhões a emissão de cédulas pela Casa da Moeda.