Policial

Brasileiro pode ter sido queima de arquivo de contrabandistas

Adolescente desapareceu em março; polícia suspeita que crime tenha ligação com a morte do pai do garoto

Santo Antônio do Sudoeste – O sumiço de um adolescente brasileiro de 17 anos em março passado em Bernardo de Irigoyen, na Argentina, e que está coberto de mistérios, pode ter reviravoltas nos próximos dias.

Pouco se fala sobre o desaparecimento do garoto. Inclusive, nem mesmo a polícia brasileira investiga o caso, embora a família tenha registrado boletim de ocorrência. Informações obtidas recentemente apontam que ele tenha sido vítima de uma queima de arquivo por uma forte quadrilha de contrabandistas que atua na fronteira com a Argentina.

O rapaz residia na cidade de Santo Antônio do Sudoeste, no sudoeste do Paraná, e sumiu após visitar amigos na Argentina. O fato não teve repercussão na imprensa e nem mesmo originou um inquérito policial para a investigação, apesar de haver um boletim de ocorrência registrado pela mãe do garoto, Sueli da Silva, no dia 16 de março, feito dois dias após o sumiço do rapaz. O BO foi originado na Delegacia da Polícia Civil de Barracão, cidade vizinha a Santo Antônio do Sudoeste, onde consta que o menino saiu de casa na companhia de outro rapaz, o qual teria reaparecido.

Mistérios

O sumiço do rapaz é envolto em mistério e muitas especulações. Um deles é o fato de o garoto não ter entrado para o cadastro oficial de desaparecidos do Estado do Paraná.

Recentemente, denúncias anônimas chegaram à Polícia Federal, que passou a investigar o caso. Dentre outros aspectos que chamam a atenção está o fato de Cauan Tigor Nunes da Silva, segundo o apurado pela reportagem, ter sumido de dentro da delegacia de polícia de Bernardo de Irigoyen, para onde fora levado pela polícia do país vizinho na companhia de outros dois homens, sendo que um deles foi preso e extraditado para o Brasil, pois havia um mandado de prisão em aberto na cidade de Realeza, e o outro liberado. A princípio, eles teriam sido presos porque um dos três tinha um mandado de prisão em aberto.

A mãe do rapaz disse ao Jornal O Paraná que chegou a falar com o filho um dia depois de sua prisão, mas no dia seguinte ela já não o encontrou mais nem teve notícias. “Lá a polícia me falou que o entregou à militar [polícia] brasileira na aduana, mas aqui ele não está e nunca veio”, relata a mãe.

Mãe disse que vai recorrer à Interpol

A mãe do rapaz, Sueli da Silva, disse ter recebido há alguns dias a visita de policiais brasileiros que disseram que o adolescente está preso na Argentina. Ocorre que não há localização de onde ele estaria detido, nem por quais motivos ele estaria atrás das grades durante seis meses. “Ele não cometeu nenhum crime lá”, afirmou, ao reconhecer que ele tinha anotações em sua ficha criminal no Brasil sem detalhar quais eram.

Na semana passada Sueli recebeu “um documento do Ministério Público para ser levado à Interpol [Organização Internacional de Polícia Criminal]”. Ocorre que a Polícia Federal já está no caso e há indícios de que o rapaz tenha sido assassinado numa espécie de queima de arquivo e que o caso teria envolvimento direto com um empresário brasileiro que atua fortemente no contrabando e tráfico no país vizinho.

A mãe, que acredita que o filho ainda está vivo, disse que vai pedir dinheiro emprestado nesta semana e contratar um advogado para ir à Argentina.

Não se descarta ainda a possibilidade deste crime ter ligação indireta com a morte do pai do garoto que teria sido assassinado há cerca de sete anos, também com situações que o envolviam com o brasileiro ligado ao contrabando no país vizinho.

CASO EXTREMO

Sueli lembra que Cauan é o seu quarto filho de um total de oito, sendo que metade deles tem menos de 15 anos. Viúva, ela disse que sustenta todos com o salário de costureira e que não teve como ir mais a fundo sobre o sumiço do filho porque uma das crianças ficou doente em situação grave e precisou passar por duas cirurgias.

Cauan Tigor Nunes da Silva tem uma filha de três meses, o que significa que quando ele despareceu a mãe da criança estava grávida de cinco meses. Além desta criança, a mulher ajuda a sustentar outros três netos. “Por isso tudo eu espero que ele esteja vivo e que Deus olhe por ele”, desabafa a mãe.