Cotidiano

Brasil vai cumprir meta firmada no acordo climático de Paris, diz relatório

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RIO ? No próximo dia 12, o governo brasileiro vai ratificar sua adesão ao acordo climático de Paris, e o país tem tudo para cumprir as metas de redução nas emissões estipuladas pela INDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas). De acordo com relatório apresentado nesta terça-feira pelo Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, as emissões brasileiras de gases do efeito estufa em 2014 foram de 1,533 gigatoneladas, já abaixo do objetivo estipulado para 2020, de 2 gigatoneladas.

? As emissões brasileiras tiveram um padrão de crescimento até 2004 e 2005, seguido por uma queda brusca, com estabilização nos últimos quatro anos ? disse Tasso Azevedo, coordenador do SEEG. ? Podemos afirmar com toda a certeza que o Brasil vai cumprir a meta de 2020, essa já está garantida.

Para 2025 e 2030, os resultados vão depender do cumprimento dos compromissos apresentados e da decisão de atualizar ou não a INDC. Quando foi formulada, a proposta brasileira previa reduções de 37% e 43% das emissões em 2015 e 2030 respectivamente, em relação à poluição gerada em 2005, o que representaria em números absolutos 1,3 gigatonelada e 1,2 gigatonelada. Acontece que em maio deste ano, por atualizações metodológicas, o Terceiro Inventário Nacional de Gases do Efeito Estufa revisou para cima as emissões de 2005, de 2,1 gigatoneladas para 2,8 gigatoneladas.

Caso os números absolutos da INDC sejam reajustados, o país chegaria a 2025 podendo ter emissão líquida de 1,7 gigatonelada e, em 2030, 1,6 gigatonelada, valores acima das emissões brasileiras atuais, ou seja, o país teria salvo conduto para aumentar as emissões de gases-estufa.

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? Isso criaria um constrangimento enorme para o Brasil num momento em que o país se prepara para colher aplausos da comunidade internacional por ser um dos primeiros grandes poluidores a ratificar o Acordo de Paris ? disse André Ferretti, coordenador-geral do Observatório do Clima.

O Observatório do Clima defende que para a ratificação do acordo, no dia 12, o governo ajuste a meta percentual na INDC, para 53% em 2025 e 57% em 2030, para refletir a revisão do Terceiro Inventário, mas manter os números absolutos. Segundo as estimativas do SEEG, caso todos os compromissos sejam cumpridos, o país chegará a 2025 emitindo 1,369 gigatonelada de CO2 equivalente e, em 2030, 1,047 gigatonelada.

? A boa notícia é que o governo não precisa ter medo de fazer o ajuste ? disse Azevedo.

Entre outras medidas, o país se comprometeu a restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de matas, recuperar 15 milhões de hectares de pastos degradados, atingir de 28% a 33% de energias renováveis não-hidrelétricas na matriz e zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Mas, para os pesquisadores, é possível fazer mais. Se o Brasil ampliar seu compromisso em relação ao desmatamento, zerando em todos os biomas, não apenas no amazônico, e aumentar a área a ser reflorestada, é possível alcançar emissão líquida de 626 milhões de toneladas de CO2 equivalente, metade da meta atual.