Economia

Brasil tem maior desemprego desde 2012

O País tem quase 14 milhões de desempregados

Brasil tem maior desemprego desde 2012

Rio de Janeiro – Apesar da geração de vagas característica do fim do ano, a taxa de desemprego no País ainda ficou em 13,9% no quarto trimestre de 2020, pior resultado para o período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada desde 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em relação ao ano anterior, foram perdidos 8,4 milhões de postos de trabalho. O País tem quase 14 milhões de desempregados. Se considerados todos os subutilizados, que inclui os desalentados e os subempregados, está faltando trabalho para mais de 32 milhões de brasileiros.

O resultado da pesquisa, porém, trouxe uma melhora em relação à taxa de desemprego de 14,1% do trimestre encerrado em novembro. “A taxa é para ser celebrada diante dos números anteriores, mas o cenário ainda é complicado. Aquele cenário mais positivo do fim do ano passado não está se sustentando e não há perspectiva de volta agressiva da economia. Devemos ter uma recuperação extremamente lenta no primeiro semestre deste ano e no segundo semestre ainda estaremos às voltas com o processo de vacinação e o presidente [Jair Bolsonaro] totalmente focado na eleição de 2022, o que significa chance nenhuma de reformas”, projeta Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, que prevê um crescimento de apenas 2,6% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiros neste ano.

Na média do ano, a taxa de desemprego saltou de 11,9% em 2019 para um ápice de 13,5% em 2020. Sergio Vale acredita que a desocupação volte a acelerar nas próximas leituras, até a taxa alcançar 15,1% em maio, encerrando o último trimestre de 2021 em 14,1%, o que elevaria a média anual para 14,7%, um novo recorde.

 

Recuperação lenta

A recuperação do mercado de trabalho demandará tempo e dependerá da evolução da pandemia de covid-19, defendeu Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

“Foram perdas muito profundas. Reverter esse quadro vai demandar tempo sim. Não apenas tempo só, mas é o que vai acontecer ao longo desse tempo: como a economia e as atividades econômicas vão operar e as questões do controle sanitário”, explicou Beringuy. “A gente passa em 2019 de uma população ocupada recorde para, em 2020, a menor população ocupada da pesquisa. Isso tudo em apenas um ano”, frisou.

Os trabalhadores mais afetados no ano de 2020 foram os do comércio (-1,702 milhão de vagas, em média), serviços domésticos (-1,198 milhão de trabalhadores) e alojamento e alimentação (-1,172 milhão). Todos os três setores bateram recordes de demissões. A indústria também demitiu em massa, alcançando quase um milhão de vagas extintas.