Cotidiano

Brasil quer retomar uso da base de Alcântara com parceria dos EUA

BRASÍLIA – O governo brasileiro convidou os EUA a usarem as instalações de Alcântara (MA) para lançar satélites, no primeiro encontro formal do ?Diálogo da Indústria de Defesa Brasil e Estados Unidos?, que ocorreu na manhã desta sexta-feira no Palácio do Itamaraty. Os governos querem intensificar parcerias como a que resultou na construção da aeronave KC-390, com participação da brasileira Embraer e da americana Boeing.

? O diálogo abre uma nova avenida para as relações comerciais entre os países ? disse o subsecretário de Comércio dos EUA, Ken Hyatt.

Segundo Raul Jungmann, ministro da Defesa, o acordo que o governo brasileiro tinha com a Ucrânia para uso da base de lançamento de satélites está definitivamente suspenso ? há, inclusive, inquéritos abertos para apurar essas relações, disse. A base conta com uma localização considerada privilegiada para o lançamento de satélites, por estar próxima da linha do Equador, mas foi alvo de acidentes com lançadores no passado em 2003 e 2015.

? O lançamento de satélites e foguetes aeroespaciais tem para nós uma enorme importância que seja retomada em bases soberanas ? disse Jungmann, destacando que o mercado de defesa americano é o maior do mundo.

Questionada sobre a possibilidade, a embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, não confirmou, nem negou, o interesse das empresas do país em Alcântara. O Brasil também propôs a criação de um novo produto binacional na área de defesa, o que também ainda não teve resposta dos EUA. O evento deverá resultar em uma carta de intenções assinada pelos dois países.

O secretário de Produtos de Defesa, Flávio Basílio, lembrou que, atualmente, os EUA combatem no Afeganistão com os Supertucanos brasileiros. Empresas públicas e privadas de ambos os países deram início às conversas hoje, em busca de novas parcerias ? uma vez que a lei americana tem restrições para importação de produtos de defesa, mas permite a produção em parceria.

? Com a marca Brasil conseguimos acesso a mercados que ora estão fechados a produtos estadunidenses e vice-versa ? disse Jungmann.

O ministro destacou ainda que investimentos na área de defesa costumam resultar em avanços tecnológicos para as indústrias, também para fins comerciais. Ele lembrou, por exemplo, que a internet foi criada para fins militares.