Agronegócio

Brasil: o grande fornecedor de alimentos a todo o mundo

Estratégias que podem posicionar o Brasil como protagonista na produção e na exportação de alimentos no mundo foram o mote do Fórum do Agronegócio 2018, realizado nesta semana na ExpoLondrina (Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina). O evento reúne líderes do setor que discutem os principais desafios, mostrando a atual realidade do setor e propondo caminhos para fortalecer a agricultura, pecuária e floresta em processos de gestão sustentável.

Levando em conta a crescente demanda por alimentos para uma população global estimada em 9,8 bilhões de pessoas em 2050, a estimativa da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) é de que o Brasil eleve sua produção em 40% até 2019. Os números foram apresentados pelo representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, que fez uma análise da evolução da demanda por alimentos. E lembrou que o objetivo das atividades da FAO é alcançar a segurança alimentar para todos e garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos saudáveis. “A população será urbana e para alimentar essa população a produção de alimentos deverá dobrar”, disse.

Segundo ele, o aumento da produção continuará principalmente dos ganhos em produtividade e é possível atingir esse aumento de maneira sustentável com as tecnologias existentes no País. “O Brasil precisa exportar esta tecnologia para o mundo”, afirmou Bojanic.

O ex-ministro da Agricultura e Abastecimento (2003/2006) Roberto Rodrigues, que é coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, destacou o crescimento do País nos últimos 30 anos: “Fizemos avanços notáveis. Em 2000 exportamos US$ 20 bilhões; ano passado US$ 96 bilhões, quase cinco vezes mais. A soja em 2000 representava 20% e ano passado 33% desse total”.
Rodrigues falou também sobre uma plataforma, ou seja, um plano de governo para o Brasil, que transforme o agronegócio brasileiro e permita que o País seja o campeão mundial na produção agrícola.

O plano de governo é um trabalho extremamente abrangente que está sendo coordenado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Compreende temas como tecnologia, regionalização, irrigação, comércio internacional, estrutura logística, políticas de renda, turismo rural, gestão de agronegócio, política industrial, sustentabilidade, agroenergia, associoativismo e comunicação.

Coordenação do plano

O diretor da Esalq, Luiz Gustavo Nussio, está coordenando as ações do plano. Os resultados dessas discussões serão apresentados no mês de junho em um único plano de Estado que deverá ser entregue aos candidatos à Presidência da República. A ideia, segundo ele, é oferecer à sociedade um plano articulado, pensado, racionalizado por pessoas e setores capacitadas a fazê-lo. “É oferecer aos futuros governantes um estudo que tenha base técnica e cientifica”, disse.

A senadora Ana Amélia Lemos enalteceu a produção brasileira, mas falou que o setor sofre com a falta de comunicação. “O setor continua enfrentando preconceito elevado pela população urbana, que desconhece as dificuldades do campo. O produtor é chamado de caloteiro, desmatador por puro desconhecimento porque o setor se comunica mal. Precisa ter um dinamismo e protagonismo urgentemente”, comentou.

Ana Amélia também criticou as políticas do Brasil: “Do ponto de vista de política externa, somos muito mais amiguinhos dos outros do que do produtor brasileiro”, disse ela, arrancando aplausos.

Citando como exemplo o fato de a Rússia ter embargado a carne suína brasileira, e com a notícia do envenenamento de um ex-agente russo e da filha dele, que chocou o mundo e estremeceu as relações entre a Rússia e o Reino Unido e outros países, disse que “a Rússia está recebendo o embargo de vários países por este fato, mas o Brasil não fez nada. Por que não usamos essa moeda de troca? Amigos, amigos, negócios a parte”.

Discutir o agro

O presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Afrânio Brandão, destacou que sempre é momento para se discutir o agronegócio, pois é o setor que coloca o Brasil no topo do mundo.

Citou que a produtividade de grãos cresceu 220% em quase 40 anos, passando de 1,4 ton/ha para 4,5 ton/ha (1976-2015). Também lembrou que a safra de grãos 2017/2018 foi recorde com 225,6 milhões de toneladas. “Só a soja 2017/2018 resultou em 118,9 milhões de toneladas, uma produtividade média de 56,5 sacas/há”, concluiu.