Cotidiano

Brasil não aproveita potencial da biodiversidade, acreditam empresários

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RIO – O Brasil não tem aproveitado a biodiversidade como diferencial competitivo. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o tema ?Retrato do uso sustentável de recursos da biodiversidade pela indústria brasileira?. O resultado da pesquisa apontou que para 84,2% dos executivos das indústrias, o país não tem tirado proveito de todo o potencial desse mercado. O levantamento teve a participação de 120 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias.

? O empresariado está preocupado com essa questão e já pratica ações voltadas a essa área, mas falta incentivo para que as empresas que empreguem soluções sustentáveis consigam competir com as outras. Os produto feito através dessas práticas são mais caros, e acaba que só que os consome são pessoas com melhores condições financeiras ou pessoas preocupadas com essa causa. O papel reciclado é um bom exemplo, é mais caro que o papel normal ? afirmou a diretora de relações institucionais da CNI, Mônica Messenberg, sobre o resultado da pesquisa.

Os principais motivos para o não aproveitamento do potencial da biodiversidade foram apontados como sendo a falta de perspectiva de melhoria do aproveitamento no longo prazo e a falta de políticas públicas estruturadas adequadas para o setor, respectivamente com 23,8% e 22,8% dos votos dos empresários.

? A biodiversidade é uma riqueza do Brasil e precisa ser explorada de maneira mais intensa. As empresas entendem isso, só que, hoje em dia, as que conseguem fazer isso são empresas de nicho ou as grandes empresas, porque não tem uma sinalização clara do que será feito no longo prazo ? disse Mônica

Em relação aos investimentos e políticas públicas existe uma grande falta de conhecimento dos empresários sobre as linhas de apoio do governo voltadas à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade. Apenas 25% dos executivos entrevistados conhecem essas iniciativas e, desses, apenas 22,6% já se beneficiaram delas. Isso significa que, das 120 empresas participantes da pesquisa, somente 5,8% já fez uso desses programas.

? As médias e pequenas empresas, quando conhecem essas políticas, não têm acesso a elas. É preciso ampliá-las ? completou.

Na opinião dos empresários, as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo para incentivar um maior engajamento do uso sustentável e ações de conservação da biodiversidade pelo setor privado são: incentivos/incentivos fiscais (26,7%), fiscalização (21,7%), disponibilizar recursos e linhas de crédito (14,2%), regras claras/segurança jurídica (13,3%) e crédito para empresas que já conservam (12,5%).

CRESCE PREOCUPAÇÃO COM A BIODIVERSIDADE

Apesar do baixo aproveitamento do potencial da biodiversidade, a maioria dos gestores, 86,7%, considera que a importância dada ao uso sustentável da biodiversidade cresceu nos último cinco anos. 32,5% deles acham que o grau de atenção da indústria para o tema é alto ou muito alto. Já 41,7% acham que o nível de atenção é regular. Apenas 23,3% dos executivos responderam que a atenção ao uso sustentável da biodiversidade é baixa ou muito baixa.

Os motivos principais para esse crescimento são a maior conscientização das pessoas, as campanhas na imprensa, e os empresários estarem mais atentos ao uso sustentável da biodiversidade. O aspecto legal ainda é um motivo importante a ser considerado pelos empresários, ocupando o quarto lugar na lista de motivos.

? Apesar da conscientização ter crescido ainda estamos distantes do necessário. A pesquisa ajuda a fazer esse diagnóstico mais claro do que está acontecendo, indica o ambiente que você tem hoje e de que forma pode interferir. A preocupação das empresas com o assunto existe. É necessário ressaltar a importância junto ao mercado consumidor e criar medidas para desonerar a produção ? afirmou Mônica.

A reputação da empresa junto a sociedade é um fator muito importante para as indústrias no que diz respeito ao uso sustentável da biodiversidade. Ela é um dos motivos principais para 60,6% das empresas participantes da pesquisa investirem em práticas e processos para o uso sustentável da biodiversidade. Os motivos que aparecem depois da reputação são a redução de custos e o aumento da competitividade. Das empresas que investiram, 74,4% estão satisfeitas com os resultados conquistados. Mais da metade das indústrias que não investiram, 57,7%, pretende fazê-lo nos próximos dois anos.

Uma grande parcela dos executivos, 82,5%, considera que o potencial de crescimento de suas indústrias seria prejudicado diante da redução da biodiversidade. Para eles, o setor industrial deve estimular o uso sustentável da biodiversidade através da promoção da consciência ambiental e da busca de informações sobre financiamento.