Economia

Bolsa despenca 2,65% e dólar sobe 1,6% com alta da inflação dos EUA

O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA teve avanço mensal de 0,8% e anual de 4,2% em abril - o maior para um período de 12 meses desde 2008

Bolsa despenca 2,65% e dólar sobe 1,6% com alta da inflação dos EUA

São Paulo – A Bolsa brasileira (B3) caiu mais de 3,2 mil pontos nessa quarta-feira, em uma sessão marcada pelo aumento acima do esperado da inflação dos Estados Unidos. Em resposta, o índice encerrou a sessão no menor nível desde 5 de maio, em queda de 2,65%, aos 119.710,03 pontos. O câmbio também foi afetado pela pressão, com o dólar em alta de 1,59%, cotado a R$ 5,3055.

O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA teve avanço mensal de 0,8% e anual de 4,2% em abril – o maior para um período de 12 meses desde 2008. O temor do mercado é que o movimento eleve a pressão sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que classifica o avanço dos preços como “transitório”. Caso isso de fato aconteça, a entidade monetária poderia começar a apertar a política pró-estímulos adotada durante a pandemia.

“Os dados divulgados hoje só aumentarão o foco do mercado na inflação”, afirma o estrategista-chefe de mercados da LPL Financial, Ryan Detrick.

O mercado também olhou para o déficit orçamentário dos EUA, quando as despesas são maiores que as receitas, que ficou em US$ 1,9 trilhão entre outubro e abril, resultado recorde para o período. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 1,99%, 2,15% e 2,67% cada.

O economista sênior global da Capital Economics, Simon MacAdam, reconhece que há uma pressão na inflação nos EUA, mas que tende a ser de curto prazo, provocada pela maior demanda, por conta da retomada rápida da economia, com o avanço da vacinação e os auxílios em dinheiro da Casa Branca aos americanos, o que por sua vez ajuda a elevar o déficit fiscal.

Já a Capital Economics prevê que o Fed deve seguir com a visão de inflação temporária e só voltar a elevar juros ao fim de 2023. Hoje dirigentes do Fed voltaram a tentar acalmar o mercado. O vice-presidente Richard Clarida disse ter ficado “surpreso” com o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de abril, mas voltou a afirmar que a inflação maior será transitória.