Cotidiano

Boicote de democratas atrasa aprovação de indicados de Trump

US-SENATE-DEMOCRATS-ADDRESS-THE-MEDIA-AFTER-THEIR-WEEKLY-POLICY--GUN33LJDP.1.jpgWASHINGTON – O presidente Donald Trump enfrenta obstáculos para preencher o primeiro escalão de seu governo por causa de uma batalha no Congresso para confirmar nomes do Gabinete. Enquanto o Senado começava a avaliar o nomeado a procurador-geral, Jeff Sessions, Trump viu dois outros indicados sofrerem manobras dos democratas, que boicotaram as sessões nas comissões e forçaram um atraso no processo de confirmação.

No Senado, democratas boicotaram a votação sobre dois dos mais controversos indicados para o Gabinete de Trump: Steve Mnuchin como secretário do Tesouro, e Tom Price ? um feroz opositor do Obamacare ? para o Departamento de Saúde. O presidente acusou opositores de atrasarem o processo de nomeações por ?razões políticas?. Quando assumiu o cargo, no último dia 20, ele tinha indicado apenas três secretários confirmados. democratas

?Quando os democratas irão nos dar nosso secretário de Justiça e o resto do Gabinete? Eles deveriam estar envergonhados. Não me admira que Washington não funcione?, tuitou Trump.

É necessário que ao menos um membro de cada partido esteja presente para que se vote numa comissão. Sem a presença dos senadores da oposição ? que alegavam esperar mais informações sobre ações de Price numa empresa médica australiana, bem como os relatórios sobre as práticas do antigo banco de Mnuchin, o OneWest ? a sessão teve que ser adiada. Os republicanos logo reagiram: Orrin Hatch, presidente da Comissão de Finanças, qualificou o boicote de ?surpreendente e ofensivo?:

? Vão votar pelo não, deixaram isso muito claro. Mas deveriam deixar de fazer pose e agir como idiotas. Que acontece com o partido? Estão tão amargurados com Donald Trump? ? questionou na comissão. ? É a coisa mais patética que vi no Senado.

Para a vaga de Educação, a divisão quase impediu a nomeação de Betsy DeVos ? outra indicação polêmica do presidente. Conhecida há décadas em Michigan, seu estado natal, por ser uma multimilionária que vem financiando lobbies contra o ensino público, DeVos deverá enfrentar turbulências pela frente. Seu nome só passou adiante no Senado por intervenção do republicano Lamar Alexander, presidente da comissão, que deu o voto de Minerva após o empate entre 11 democratas ? pelo não ? e 11 republicanos ? pelo sim.

Já em relação à nomeação de Sessions, a audiência na Comissão Judiciária ganhou um tom de enfrentamento aberto após a demissão da procuradora-geral interina, Sally Yates, ainda do governo Obama, na noite anterior, acusada de ?trair o Departamento de Justiça? por se opor à ordem executiva de Trump barrando a entrada de refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos. O debate sobre o indicado para o cargo de procurador-geral girou em torno de sua independência para se contrapor a Trump em defesa da lei se for necessário. A senadora democrata Dianne Feinstein, uma das mais ferrenhas críticas de Sessions, foi incisiva:

? É muito difícil para mim reconciliar a independência e objetividade necessárias para a posição de procurador-geral com o partidarismo que este nomeado tem demonstrado.

Sessions, na primeira sabatina em 10 de janeiro, já prometera que seria um procurador-geral independente, garantindo que dirá ?não? a Trump se for preciso. A ideologia do provável procurador-geral é guiada pela aversão ao que chama de ?globalismo perverso?, termo da extrema-direita para definir a ameaça do livre comércio, das alianças internacionais e da imigração. Senador do Alabama acusado de racismo, Sessions tornou-se um poder singular em Washington, e é o padrinho intelectual das políticas do novo presidente. Seus assessores e aliados aceleraram as principais mudanças do novo governo, incluindo a proibição migratória.