Cotidiano

BlackRock e Fidelity apostam alto em mais ganhos na Bovespa

2014_763939727-20141028163702248afp.jpg_20141028.jpgSÃO PAULO E SANTIAGO (CHILE) – As gestoras de ativos BlackRock e Fidelity Management & Research apostam que a alta da Bolsa de São Paulo (Bovespa) ? a mais expressiva do mundo no último ano ? ainda tem fôlego.

William Landers, gestor de recursos da BlackRock em Nova York, conta que começou o ano com peso muito acima do proporcional em ativos brasileiros. Já Will Pruett, da Fidelity, que confessa ter tido ?dúvidas sobre o Brasil durante a maior parte do ano passado?, agora espera mais ganhos pela frente.

As apostas otimistas de duas das maiores gestoras de recursos do mundo contrastam com opiniões de investidores que começam a questionar a bolsa brasileira após o salto de 103% do Ibovespa no último ano.

No começo da semana, Mark Mobius, presidente-executivo da Templeton Emerging Markets Group, alertou que o mercado acionário brasileiro está ficando ?caro?. Contudo, Landers acredita que a decisão do Banco Central de cortar os juros mais agressivamente neste ano e as entradas de recursos para a Bolsa e o mercado de renda fixa são catalisadores para ganhos adicionais.

? É difícil enxergar o que vai inverter isso, a menos que ocorra séria mudança na política fiscal no mundo desenvolvido, e não esperamos isso neste momento ? disse Landers, que supervisiona US$ 2,2 bilhões na maior gestora de recursos do mundo, considera mais atraentes os setores financeiro, de petróleo e mineração no Brasil.

Pruett, da Fidelity, também espera que os bancos brasileiros avancem à medida que a inadimplência diminua:

? Já passamos do pico do ciclo de crédito ? avaliou. ? São negócios que não precisam tanto de demanda para se acelerar e podem crescer muito apenas reduzindo as provisões.

?REFORMA DA PREVIDÊNCIA DILUÍDA TAMBÉM É RUIM?

Pruett, que ajuda a administrar US$ 544 milhões em ativos na Fidelity, também acha que as ações de empresas voltadas para o consumidor brasileiro estão baratas.

? Os fundamentos parecem ruins agora, mas daqui a um ano os fundamentos estarão melhores, e as ações vão subir e todo mundo vai querer os papéis em carteira ? acrescentou.

Pruett e Landers concordam que a maior ameaça ao mercado acionário brasileiro é a não execução das reformas econômicas.

A reforma da previdência é o próximo passo essencial no plano do presidente Michel Temer para reestabelecer a sustentabilidade das contas públicas. Embora o Congresso tenha aprovado o teto de gastos no ano passado, a legislação motivou protestos populares.

? Se o Congresso decidir que ?está tudo ótimo e não precisamos fazer mais nada? e fizer o serviço pela metade como já vimos no passado, esse tipo de complacência seria o pior cenário possível ? disse Landers. ? Se a reforma da previdência passar, mas for diluída, também será ruim.