Cotidiano

Bispos católicos pedem perdão por papel no genocídio de Ruanda

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KIGALI, Ruanda ? A Igreja católica em Ruanda pediu desculpas, neste domingo, por seu papel no genocídio de 1994, afirmando que lamenta as ações daqueles que participaram dos massacres.

?Nós pedimos desculpas por todos os erros cometidos pela Igreja. Nós pedimos desculpas em nome de todos os cristãos por todas as formas de erros cometidas. Nós lamentamos que membros da Igreja tenham violado o juramento de lealdade aos mandamentos de Deus?, diz a nota publicada pela Conferência dos Bispos Católicos, que foi lida em paróquias ao redor do país.

A nota reconheceu que membros da Igreja planejaram, ajudaram e executaram o genocídio, em que aproximadamente 800 mil pessoas das etnias Tutsi e Hutus moderados foram mortas por extremistas Hutus.

Desde o genocídio, a Igreja local resistiu a esforços do governo e de grupos de sobreviventes para que reconhecesse sua participação na matança em massa, afirmando que os membros cristãos que cometeram crimes agiram individualmente.

2016 952851129-201611201819167424_AP.jpg_20161120.jpgMuitas vítimas morreram nas mãos de padres, clérigos e freiras, segundo relatos de alguns sobreviventes, e o governo de Ruanda afirma que muitos perderam a vida nas igrejas em que buscaram refúgio.

A nota dos bispos foi vista como um desenvolvimento positivo nos esforços por reconciliação em Ruanda.

?Nos perdoem pelo crime de ódio no país a ponto de também odiar nossos colegar por causa de sua etnia. Nós não mostramos que somos uma só família mas, em vez disso, matamos uns aos outros?, completa a nota.

O comunicado foi programado para coincidir com o final formal do domingo do Ano Santo da Misericórdia, declarado pelo Papa Francisco para estimular a reconciliação e o perdão na Igreja católica ao redor do mundo, apontou o Bispo Phillipe Rukamba, porta-voz da Igreja em Ruanda.

Tom Ndahiro, um pesquisador do genocídio em Ruanda, espera que a nota da Igreja estimule a união no país.

? Estou feliz também que na nota, os bispos peçam desculpas por não terem sido capazes de evitar o genocídio.