Cotidiano

Bispo reúne milhões de dólares para libertar 226 cristãos do Estado Islâmico

SAARLOUIS, Alemanha ? No coração da Síria, um bispo trabalhou secretamente para salvar a vida de 226 pessoas da sua congregação capturadas pelo grupo Estado Islâmico (EI). Para comprar a sua liberdade, o religioso reuniu milhões de dólares com ajuda de todo o mundo. Os cristãos assírios foram sequestrados no vale do rio Khabur, no Norte da Síria, que é um dos últimos bastiões de uma minoría perseguida durante gerações no Oriente Médio.

Em 23 de fevereiro de 2015, combatentes atacaram de uma vez só 35 povos cristãos, levando consigo dezenas de pessoas. O processo todo levou um ano. Três reféns tiveram seus assassinatos gravados em vídeos. Até que, no fim, todos os outros capturados foram liberados.

Pagar resgates é ilegal nos Estados Unidos e na maior parte do Ocidente. E a ideia de oferecer dinheiro a milícias radicais provoca dilemas morais, inclusive para quem não viu alternativa.

? Sob o ponto de vista moral, eu entendo. Se nós damos dinheiro a eles, estamos apenas os alimentando. E eles vão matar com esse dinheiro ? disse Aneki Nissan, que ajudou a arrecadar fundos no Canadá e ressalta que havia mais de 200 vidas em jogo: ? Somos uma maioria tão pequena que temos que ajudar uns aos outros.

Quando circularam as primeiras notícias sobre o resgate, o preço era muito alto. A demanda inicial era de US$ 50 mil por pessoa, o que representava um total de US$ 11 milhões por todos os capturados.

Assim, as petições de doações de difundiram nas redes sociais. Na Alemanha, o empresário assírio Charli Kanoun convenceu o governo a receber os reféns de uma das comunidades e começou a arrecadar fundos para os demais.

Em 26 de maio do ano passado, foram libertadas duas mulheres. Em 16 de junho, mais um homem. Em 11 de agosto, mais 22 pessoas ficaram livres. Em setembro, as libertações passaram a acontecer com intervalos de semanas. Até que em 22 de fevereiro de 2016, os últimos capturados deixaram o cativeiro.