Agronegócio

Biotrigo: há dez anos fortalecendo a triticultura nacional

Fortalecer a cultura do trigo sempre foi um dos propósitos dos irmãos Ottoni Rosa Filho e André Cunha Rosa, sócios fundadores da Biotrigo Genética, que comemora em abril dez anos. Localizada em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, e com filial em Campo Mourão, no Paraná, a empresa atende diversos estados do território brasileiro, além de exportar suas cultivares de trigo para países do Mercosul e da América do Norte. Atualmente, é líder na América Latina e no Brasil, com 72% do market share brasileiro.

Os irmãos são de uma segunda geração dedicada à triticultura. Desde a infância acompanharam a pesquisa de trigo com o pai Ottoni Rosa e, após graduados em engenharia agronômica, tornaram-se sócios na empresa OR Sementes. Anos mais tarde, a empresa passou por uma cisão e os irmãos fundaram, em 2008, a Biotrigo Genética. O objetivo na fundação era entregar para o produtor trigos mais seguros e completos. “A gente acreditava que, por meio do nosso conhecimento e formando uma boa equipe, conseguiríamos evoluir ainda mais na cultura. Mas para isso era preciso focar no melhoramento genético e na gestão”, conta Ottoni.

A nova empresa começou com apenas oito pessoas: os fundadores e seis funcionários. A primeira cultivar lançada exclusivamente pela Biotrigo, em 2010, foi a TBIO Pioneiro 2010. Seu forte vigor proporcionava bons resultados mesmo em áreas de menor fertilidade. Em seguida, no mesmo ano, foi lançado o TBIO Tibagi – um trigo pão de farinha branqueadora.

“Nosso objetivo era abrir um leque de novas oportunidades e de desenvolvimento de pesquisas para impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico da triticultura brasileira. E temos certeza de que nessa primeira década, evoluímos muito. Temos maior capacidade gerencial, maior capacidade de plantar e colher experimentos, de multiplicar novas linhagens, de atender nossos clientes diretos e indiretos, de desenvolver novos negócios e, especialmente, maior capacidade de gerar conhecimento dentro do melhoramento de trigo”, relata Ottoni.

Reconhecimento internacional

Em 2012, a empresa formalizou uma negociação com uma das maiores empresas do agronegócio do mundo, a Bayer CropScience. A Biotrigo já era reconhecida pelos rendimentos, pela qualidade industrial e pela resistência a doenças. O acordo de cooperação permitiu a utilização do banco germoplasma da Biotrigo nos países onde a empresa não possui atuação em trigo.

Desafio: trigos completos

Todos os anos pelo menos uma nova variedade de trigo é lançada no mercado. O grande desafio é justamente fazer com que as cultivares aliem segurança, produtividade e qualidade, cada vez mais completas. “Em cada lançamento que a gente faz vemos uma evolução. De 2010 para cá houve um progresso importante do que se colhia para o que se cultiva hoje. Não adianta ter excelência em uma só característica. Colocar tudo de bom em um só produto é o grande desafio. O que a gente quer é que o agricultor, tendo cada vez mais segurança, chegue ao fim do ano e perceba que o trigo foi um bom negócio e que ele volte a plantar”, afirma Ottoni.

Essa satisfação foi aprovada pelos produtores. A cultivar TBIO Toruk, primeira cultivar brasileira com introdução de genética francesa, foi amplamente aceita pelo mercado e chegou a ser semeada em mais de 20% das áreas de trigo do País em 2017.

Visão de mercado e foco no controle de doenças

Para o sócio-proprietário da Êxito Pesquisa & Consultoria Agronômica, Lucas Bochnia, nos últimos anos diversos lançamentos de materiais da Biotrigo proporcionaram qualidade, tecnologia e altos tetos produtivos: “O posicionamento de materiais com tecnologia avançada, altos tetos produtivos e diferentes aptidões permitiu que produtores obtivessem uma maior segurança, fazendo com que conseguíssemos introduzir novamente o trigo na rotação, de forma sustentável”.

Uma caminhada em colaboração

O trabalho de melhoramento genético da Biotrigo exige muitos anos de pesquisa e uma equipe técnica completa e motivada para que os melhores resultados cheguem aos clientes. Hoje a equipe conta com mais de 60 colaboradores amplamente engajados com a missão da empresa. A prova disso é revelada nas pesquisas de clima organizacional, realizadas anualmente com todos os funcionários, onde 92,7% relataram estar motivados para trabalhar e 98% afirmaram que a Biotrigo tem credibilidade perante os clientes e é reconhecida pela comunidade.

Considerando o índice geral de satisfação da pesquisa de clima, a empresa conquistou uma grande evolução, passando de 72% em 2013, 80% em 2014 e, em 2017, alcançou uma média de 88% entre os colaboradores. “Não há dúvida de que alguém que está empolgado tem ideias novas. Tudo isso faz com que melhores trigos cheguem ao produtor de semente, depois ao produtor de grão, aos moinhos com uma farinha de melhor qualidade e, por fim, na mesa do consumidor”, afirma André.

Esse investimento em pessoas e a preocupação com o crescimento e a satisfação de cada colaborador tiveram um papel essencial no crescimento da empresa, mas também no desenvolvimento da triticultura brasileira. “O germoplasma é um aspecto importante para a nossa empresa, sem dúvida, mas outro aspecto de igual valor é a equipe que a conseguimos formar. É a atuação técnica e profissional dos nossos colaboradores que garante a segurança de que a Biotrigo seguirá em frente”, afirma.

A chave do sucesso, para André, é que toda a cadeia, desde o colaborador da Biotrigo, o agricultor, as revendas, os moinhos e as indústrias, estejam bem e tenham sucesso: “Nessa caminhada de longos anos, aprendemos com nossos parceiros que não adiantava somente atender o agricultor, mas sim a toda a cadeia. Esse entendimento foi muito importante para o nosso sucesso”.