Cotidiano

Batman Zavareze: entre a grandiosidade e a busca pela imagem necessária

INFOCHPDPICT000059729087RIO ? O artista visual Batman Zavareze tem vivido entre o mais e o menos, entre a responsabilidade de criar as imagens em grande escala que serão projetadas no Maracanã no próximo domingo, na cerimônia de encerramento da Olimpíada, e a vontade de utilizar a tecnologia apenas em prol do necessário, sem excessos.

Convidado para assinar a direção de arte da festa no estádio, sob direção-geral da carnavalesca Rosa Magalhães, Batman e uma equipe de 30 pessoas vêm criando as imagens que irão transformá-lo numa imensa tela. Fundador do festival Multiplicidade, Batman está mais do que acostumado a lidar com tecnologia de ponta no campo audiovisual, mas confessa que nunca teve 106 projetores à disposição para suas viagens visuais e a missão de gravar na retina de mais de 4 bilhões de espectadores do mundo inteiro algumas das últimas imagens da Rio-2016.

? São projetores que ainda não estão no mercado, uma tecnologia de imagem e som que não vemos por aqui. Mas o mais bacana é que estamos tendo uma enorme liberdade para criar. Temos pedido ao pessoal da animação se liberar mesmo, viajar. O código informal entre a gente é ?mais ayahuasca? ? diz ele, referindo-se aos efeitos visuais e liberadores ativados pelo composto xamânico.

Entre as diferenças das cerimônias de abertura e encerramento, Batman ressalta que a segunda terá sua visualidade modelada por mais projeções do que a primeira, ?já que na abertura existia uma grande cenografia e agora não?.

? Fora isso, a cerimônia de encerramento tem um clima ainda mais festivo. Os Jogos e os compromissos já foram cumpridos ? diz ele.

E logo depois dela Batman embarca em outra: a festa de abertura da 2ª etapa do ano do Festival Multiplicidade, que acontece entre o próximo dia 29 e 11 de setembro no Oi Futuro Flamengo. A menor escala do evento até hoje está mais afinada às recentes buscas de Batman: ?Mais é menos, cada vez mais…?, resume ele, que pretende fazer do evento um espaço de reflexão sobre o que é erro ou acerto no fazer artístico e na relação entre excesso e essência no universo das tecnologias audiovisuais:

? Precisamos de outra medida no uso da tecnologia: a precisão, a simplicidade e o necessário, assim como na vida.

?fora da zona do acerto?

Para essa 2ª etapa, Batman apresenta uma seleção de artistas e trabalhos fora da fôrma, como Hermeto Pascoal, que brincou com o conceito de erro para criar a instalação ?Acerto?. Em vez de realizar ao vivo seus experimentais concertos, Hermeto vai estar presente em quatro grandes projeções de filmes que o registraram fazendo música a partir de objetos e instrumentos diversos, de berrantes até latas de lixo.

? É a primeira vez que o Hermeto participa do festival e de uma instalação. Eu queria trazê-lo para fazer algo diferente do show que ele faz ? explica Batman. ? Fora isso, o Hermeto é esse artista que atua no incomum, fora da zona do acerto. É o cara que aos 80 anos chegou aqui outro dia (no Oi Futuro), olhou para a lata de lixo, apalpou o material, ficou em êxtase dizendo que era um tipo de metal que permitia extrair sons específicos e começou a fazer música na hora.

Além de Hermeto, o festival mostra uma obra audiovisual criada por Marcelo Yuka e a fotógrafa Dani Dacorso, além das instalações ?Eyjafjallajokull?, de Joanie Lemercier; ?Menos?, de Matheus Leston; ?Chão de estrelas?, de Letícia, André e Julio Parente; e ?Jardim de Joaquim?, de Tomás Ribas.

Serviço ? Multiplicidade:

Onde: Oi Futuro Flamengo ? Rua Dois de Dezembro, 63 (3131-3060).

Quando: 29/8 a 11/9; ter. a dom., 11h às 20h.

Quanto: Grátis.

Classificação: Livre.