Cotidiano

Bancos centrais preparam proteção financeira diante de possível Brexit

FRANKFURT – Os bancos centrais de várias partes do mundo estão deixando prontas iniciativas de suporte financeiro para mitigar turbulências dos mercados para o caso de os britânicos decidirem, na semana que vem, deixar a União Europeia (UE), com o objetivo de proteger a economia de eventual impacto de curto prazo.

Por meio de operações como as denominadas linhas de swap, os principais bancos centrais do mundo se preparam para trocas recíprocas ? potencialmente ilimitadas ? de divisas, se a agitação dos mercados deixar exportadores e quem empresta dinheiro sem moedas estrangeiras.

As autoridades temem que, no referendo que será realizado no dia próximo dia 23, fique decidido que o Reino Unido vai deixar o bloco de 28 países e causará uma fuga de capitais do país, o que paralisaria os mercados de câmbio e pesaria, de imediato, sobre o crescimento, se as empresas não conseguirem acesso às divisas estrangeiras de que necessitam para fazer seus negócios habituais.

De fato, o Banco Central Europeu (BCE) se comprometerá publicamente a respaldar os mercados financeiros em coordenação com o Banco da Inglaterra, se o Reino Unido decidir se separar da UE, segundo disseram à Reuters funcionários com conhecimento do assunto.

ACORDOS COM INSTITUIÇÕES MENORES

Usadas pela primeira vez após os ataques terroristas de setembro de 2001, as linhas de swap cambial tiveram uma enorme demanda durante a crise financeira global de 2008, quando os bancos, dependentes em excesso de moedas estrangeiras, viram seu acesso ao mercado minguar.

Desde então, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o BCE, o Banco do Japão, o Banco da Inglaterra, o Banco Nacional Suíço e o Banco do Canadá estabeleceram linhas de swap permanentes com muitos BCs menores, selando pactos bilaterais para garantir acesso a fundos globais.

Esses acordos preveem que um banco central pode ter acesso diretamente a uma divisa de uma instituição no exterior com a taxa de câmbio existente, mas com uma taxa de juros um pouco mais alta do que durante as operações de mercado normais.

A instituição que receber o dinheiro vai distribuir a moeda ao banco comercial que havia feito o pedido, e que também concordará em devolver o dinheiro na data definida ? que pode ser em qualquer prazo, que vai do overnight a até três meses.

As taxas de juros relativamente altas ? que são de 0,87% para dólares do Fed para o BCE, por exemplo ? tem como objetivo tornar essa facilidade cara o suficiente para que os bancos só a usem em caso de dificuldade real.