Cotidiano

Banco da Inglaterra já sinaliza corte de juros como estímulo pós-Brexit

LONDRES – As perspectivas econômicas do Reino Unido pioraram devido à decisão de sair da União Europeia, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, sinalizando que a autarquia pode cortar taxas de juros dentro de meses na tentativa de blindar choques econômicos.

Ele afirmou que as autoridades não hesitarão em agir quando for necessário proteger a economia ou a resiliência do sistema financeiro. O BC do país continuará seus leilões de liquidez para bancos em ritmo semanal, ao invés de mensal, e levará em conta “uma série de outras medidas”.

— As perspectivas econômicas pioraram e provavelmente será necessário algum tipo de flexibilização da política monetária neste verão (do hemisfério norte) — afirmou Carney em discurso na sede da instituição em Londres. — Parece que a incerteza pode permanecer elevada por algum tempo.

A possível redução de juros sugerido pela autoridade fez com que a Bolsa de Londres subisse mais de 2%. Ao mesmo tempo, diante da expectativa de um corte nas taxas, a cotação da libra enfraqueceu, chegando ao nível mais baixo frente ao euro desde março de 2014.

Carney afirmou que o banco central deve dizer “a verdade ainda que resulte em incômodos”.

— Uma verdade incômoda é que tem limites sobre o que Banco da Inglaterra pode fazer — sustentou. — Em particular, a política monetária não pode contraria completa ou imediatamente as implicações de um choque econômico amplo e negativo.

O Comitê de Política Monetária (CPM, na sigla em inglês) do Banco Central fará um balanço inicial da situação durante a próxima reunião, em 14 de julho. Em agosto, coincidindo com o relatório trimestral sobre inflação e crescimento, a instituição publicará um informe com novas previsões.

— A incerteza sobre o ritmo, profundidade e magnitude das mudanças (derivadas da saída do bloco econômico) poderia pesar em nossas perspectivas econômicas durante um certo tempo — alertou Carney.

Qualquer afrouxamento da política monetária será o primeiro desde 2012, quando o BC expandiu seu programa de compra de ativos pela última vez. A taxa de juros de referência permanece em 0,5%, no recorde mais baixo, desde março de 2009. A autarquia alertou que a taxa pode se aproximas ainda mais de zero, apesar de Carney afirmar que as autoridades estão de olho no impacto sobre os bancos.

— Além do horizonte, em um horizonte próximo, há decisões do Comitê de Política Financeira na próxima semana, há duas reuniões do CPM nesse verão, em julho e agosto, e olharia para elas como um pacote de encontros — disse o presidente do BC. — Há a intenção de definir expectativas, fornecendo um pouco de direções no curto prazo sobre isso, e um enquadramento.