Cotidiano

Banco clandestino servia como dupla camada de lavagem de dinheiro, diz MPF

SÃO PAULO. O FPB Bank do Panamá, que atuava clandestinamente no Brasil, é suspeito de ter servido como “dupla camada de lavagem de dinheiro” de contratos da Petrobras, abrindo contas e realizando investimentos para clientes do escritório Mossack Fonseca, cuja especialidade era abrir offshores no exterior. O funcionamento irregular do banco no país foi identificado pela Lava-Jato durante as investigações da operação Triplo X, quando foi descoberto um telefone criptografado usado na comunicação entre os gerentes do FPVB e os funcionários da Mossack.

– Chama atenção a terceirização da lavagem de dinheiro. Mais e mais os criminosos têm se utilizado não só de operadores financeiros pessoas , mas de uma instituição financeira para realizar a ocultação e dissimulação e manter no anonimato os reais beneficiários do dinheiro que estava sendo escondido no exterior – afirmou a procuradora Jerusa Burmann Viecili, na coletiva sobre a 32ª Fase da Lava-Jato, batizada de Caça Fantasmas e realizada nesta quinta-feira em São Paulo.

O delegado da Polícia Federal Igor de Paula afirmou que este tipo de estrutura é necessário diante da “fartura de dinheiro sujo” que existe no Brasil e precisa ser ocultada.

– Esse tipo de estrutura surge da fartura de dinheiro sujo que existe no país. Esse dinheiro precisa ser ocultado, lavado. O instituto da offshore e a manutenção de contas no exterior não são ilegais, mas a forma de utilização demonstra que os clientes não queriam ser reconhecidos – explicou.

Jerusa explicou que as offshores já servem como uma primeira camada de ocultação dos beneficiários, pois são abertas em paraísos fiscais e seus verdadeiros do donos são ocultados. Sete pessoas, cinco delas identificadas como gerentes do FPB no país, foram levadas a depor coercitivamente e 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências destas pessoas e possíveis escritórios da instituição financeira.

Segundo Rodrigo Sanfurgo, delegado da Polícia Federal, embora haja fortes indícios de que o banco, que funcionava sem autorização do Banco Central, captava dinheiro e enviava para fora do país, não há ainda estimativa dos recursos movimentados. Também não foram divulgados nomes de possíveis clientes.

– A força tarefa investiga uma complexa rede, que envolve diversos crimes. E essa rede se vale de outra para proporcionar o fluxo de dinheiro – afirmou Sanfurgo.

Segundo as investigações, o FPB funcionava como um “private bank”, com atendimento personalizado, e os gerentes faziam o contato direto com os clientes.