Cotidiano

Bachelet chora ao reconhecer vítimas militares da ditadura

SANTIAGO ? A presidente chilena, Michelle Bachelet,se emocionou nesta sexta-feira durante um ato público no qual reconheceu o fracasso do Estado em levar à Justiça os militares torturados por seus pares durante a ditadura do genral Augusto Pinochet (1973-1990). O reconhecimento por parte da chefe de Estado, filha de um general leal ao presidente que morreu em 1974 após ser torturado, foi uma exigência da sentença da Corte interamericana de Direitos Humanos (CIDH) após um pedido por parte dos militares que reistiram ao golpe.

Além do reconhecimento de responsabilidade do Estado, a sentença obriga o Chile a anular condenações, concluir investigações sobre torturas de militares e indenizar as vítimas do regime militar.

? Hoje, o Estado chileno reconhece solenemente sua condição de vítimas de graves violações dos direitos humanos. Vocês foram julgados e condenados injustamente e se lhes roubou seu bem mais precioso: foram chamados de traidores ? afirmou a presidente, com a voz embargada. ? Perdoem-me se me emociono.

Dezenas de oficiais das Forças Armadas vítimas de tortura após o golpe de Estado de 1973 recorrerem à CIDH, alegando que o Estado chileno deixou de cumprir com sua obrigação de oferecer um recurso eficaz para as vítimas que invalidasse os processos executados como ?conselhos de guerra?, que levou em conta provas obtidas sob tortura.

? Permitam que esta presidente, filha de um general, reconheça o que você fizeram, com uma palavra final: obrigado ? disse Bachelet na presença de familiares das vítimas.

Durante a ditadura de Pinochet, que durou 17 anos, mais de 3 mil pessoas foram mortas por razões políticas e cerca de 28 mil foram torturadas, incluindo a atual presidente.