Cotidiano

Avicultura é a ?galinha dos ovos de ouro? da região Oeste

Não fosse o segmento, região já tinha sucumbido à crise

Palotina – Seo Jaime não tem ideia de quanto a economia regional depende de sua força de trabalho. Mas na avicultura ele sabe, por exemplo, que seu plantel de sete mil frangos ajuda a desenvolver uma região inteira e isso não é superlativo.

Responsável por mais de 70% das exportações do Oeste, o setor de aves é, e não por acaso, a galinha dos ovos de ouro e mantém o Oeste em destaque estadual e nacional, auxiliando expressivamente o Paraná a se tornar o maior “produtor” de carnes do País, conforme título angariado na última semana.

Na região o que chama a atenção é o saldo positivo da balança comercial, ou seja, as exportações ultrapassam, de longe, as importações graças a elas, as aves. Em todo o Oeste pelo menos 40 mil famílias dependem exclusivamente deste segmento para sobreviver.

De forma direta e indireta, são mais de 50 mil empregos gerados, 38 mil somente nos abatedouros. Por aqui, não se fala em crise. Com dólar ultrapassando a casa dos R$ 4 nos últimos dias, nunca esteve tão interessante vender frango para outros países. Este é o setor que está mantendo vivo o Oeste paranaense em tempos de crise e de recessão.

Segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), neste ano, até o momento, a pauta responde por 44% de todas as exportações da cidade com presença mais ativa nas transações internacionais em toda região.

Dos US$ 300,6 milhões exportados por Cascavel de janeiro a agosto de 2015, US$ 131,8 vêm da comercialização internacional de aves. Este saldo é 12% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando as exportações avícolas somavam US$ 117,6 milhões.

Cidades que respiram avicultura

Em Cafelândia e Palotina, onde as economias locais respiram avicultura, esta boa dependência é ainda maior e vai muito bem, obrigada. Na primeira, 62% de toda a atividade comercial externa neste ano dizem respeito ao setor, são US$ 188 milhões do total de vendas e, destas, US$ 116,5 milhões advindos do segmento. Em Palotina foram US$ 168,5 milhões em transações comerciais e US$ 103,5 milhões somente da avicultura.

Ficou confuso com tantos números e percentuais? Calma. A regra agora é simplificar. O que estes dados dizem na prática é que a crise passa longe, bem longe do agronegócio.

“Não fosse o agronegócio, a situação do Oeste estaria pior, quase insustentável. É o setor que não vai deixar nossa economia afundar e nisso se destaca a avicultura”, reconhece o economista, especialista em mercado internacional, Camilo Motter.

Para o diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o motivo para comemorar vai além. Enquanto a tonelada de grãos in natura, como da soja, por exemplo, é comercializada a cerca de US$ 350, a tonelada de frango tem valor agregado quase cinco vezes maior, ou seja, beira os US$ 1,8 mil.

“Deixamos de vender o grão sem processamento para vender carne. É o produto transformado e com valor agregado que gera emprego, renda e muito desenvolvimento”, comemora.

Emprego e renda

E são as cooperativas as forças motrizes do Oeste quando o assunto são os frangos. Em Matelândia, onde está a Cooperativa Agroindustrial Lar, a que mais cresceu no segmento em percentuais nos últimos anos, a avicultura responde por 84% das exportações locais em 2015.

São quase US$ 74 milhões em vendas da carne de janeiro a agosto com 8,2 mil empregos gerados, cinco mil deles somente no abatedouro. Em Marechal Cândido Rondon os números não diferem muito.

Dos US$ 53,1 milhões exportados, US$ 34,1 milhões vieram das aves, ou seja, 64% do total. Por lá, a alavanca é impulsionada por outra cooperativa, a Copagril, que gera milhares de ocupações formais diretas e indiretas e para onde a crise ainda não bateu à porta.

(Com informações de Juliet Manfrin)