Esportes

Autoridades russas reconhecem pela primeira vez esquema de doping

As autoridades esportivas russas admitiram pela primeira vez que uma conspiração de doping foi organizada no país ao longo de muitos anos, segundo matéria publicada nesta terça-feira no jornal The New York Times.

– Foi uma conspiração institucional – afirmou a diretora-geral da Agência Antidoping russa, Anna Antseliovich.

A dirigente e outros entrevistados negaram, no entanto, que o esquema teria sido patrocinado pelo Estado e afirmaram que as pessoas mais importantes do governo não sabiam de nada.

O investigador Richard McLaren afirmou, em 9 de dezembro, em um novo relatório para a Agência Mundial Antidoping (Wada), que mais de mil atletas russos de 30 modalidades integraram um plano orquestrado pelo ministério dos Esportes para consumir substâncias proibidas na preparação para os Jogos Olímpicos de Londres-2012 e Sochi-2014, além de outros eventos mundiais.

– Podemos confirmar que o encobrimento de casos de doping vem pelo menos desde 2011, e continuou após os Jogos de Sochi. O processo evoluiu e foi refinado desde a Olimpíada de Londres, em 2012. Esse encobrimento aconteceu em uma escala sem precedentes – afirmou McLaren. – É impossível saber quão profunda e quão distante no passado chega esta conspiração. Por anos, competições internacionais foram fraudadas, sem que soubessem, por atletas russos. Os torcedores foram enganados – disse McLaren na ocasião.

Ao divulgar o relatório, McLaren detalhou alguns truques usados pelos atletas e oficiais do governo da Rússia para manipular as amostras de urina que seriam submetidas à análise anti-doping. De acordo com o canadense, sal e até cápsulas de café eram artifícios usados com frequência para mascarar os testes. Algumas amostras dos Jogos de Sochi, segundo McLaren, apresentavam quantidades de sal que não seriam “fisicamente possíveis” em um ser humano saudável.

O ministro dos Esportes, Vitali Mutko, afirmou à agência de notícias russa TASS naquela data que não foi provada a existência de uma “conspiração institucional”.

As primeiras revelações do relatório McLaren provocaram a exclusão dos representantes do atletismo russo das competições internacionais, como os Jogos Olímpicos Rio-2016. A delegação russa também ficou fora da Paralimpíada do Rio.