Cotidiano

Autoridades revistam casa de ex-presidente do Peru por suspeita de propina da Odebrecht

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RIO ? Autoridades peruanas revistaram neste sábado a casa do ex-presidente Alejandro Toledo, investigado por supostamente receber propina da Odebrecht para permitir a construção de estradas entre o Peru e o Brasil.

Ao final da operação, que começou de madrugada e durou oito horas, foram levados dois cofres, duas caixas com envelopes lacrados e vídeos, segundo imagens da uma televisão local. O Ministério Público informou em sua conta no Twitter que “a documentação encontrada na residência do ex-presidente será analisada pelos procuradores”.

Toledo, que está em Paris com a esposa, reclamou da operação em sua página no Facebook. “Meus inimigos não descansam. E, por não encontrarem nada, querem me prejudicar internacionalmente. Não conseguirão. Estarei pronto, como sempre, para colaborar com a Justiça”, escreveu. Em entrevista ao jornal peruano ?El Comercio?, o ex-presidente negou ter recebido subornos. ?Não tenho nada?, afirmou, por telefone.

A ex-primeira-dama Eliane Karp disse, também na rede social, que “se trata de uma perseguição política armada sem nenhum dado, nenhuma prova das acusações verbais da imprensa”.

O advogado Luciono López, que defende o ex-presidente desde 2013, deixou a defesa do caso na sexta-feira, mas sem explicar o motivo. ?Nossa empresa não dará nenhuma declaração para a imprensa sobre nosso ex-cliente por responsabilidade profissional?, disse o advogado, em comunicado.

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ACORDO APONTOU SUBORNOS DE 26 MILHÕES

Em dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a Odebrecht reconheceu subornos de 26 milhões de dólares a funcionários peruanos para receber vantagens em licitações públicas. Os crimes teriam ocorrido no governos de Toledo, Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

Um dos episódios detalhados é o suposto pagamento de US$ 20 milhões, entre 2005 e 2008, a um ?alto funcionário? teria recebido para facilitar a liberação de um projeto de infraestrutura. Durante o governo de Toledo foi iniciado a construção estradas que ligam o Brasil à costa peruana.

Os investigadores teriam encontrado uma transferência de 11 milhões de dólares a um sócio do ex-presidente, o que foi interpretado como parte da propina paga. A imprensa peruana especula que os procuradores podem pedir a prisão de Toledo em breve.

A Odebrecht também firmou, em janeiro, um acordo com o Ministério Público peruano para revelar os crimes cometidos no país. Até o momento, quatro pessoas foram detidas, entre elas um ex-vice-ministro das Comunicações do governo García, acusado de ter recebido 2 milhões de dólares para beneficiar a Odebrecht com a construção da linha 1 do metrô de Lima.

O atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, que foi ministro da Economia e primeiro-ministro de Toledo, escreveu no Twitter que ?a justiça deve ser igual para todos. Se alguém cometeu atos de corrupção, deve ser punido?. PPK, como é conhecido, também disse que ordenou o Poder Executivo a colaborar ?em tudo que for necessário para garantir que a investigação seja eficaz?.