Cotidiano

Autoridades preveem votação caótica em alguns estados dos EUA

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WASHINGTON ? Autoridades americanas se preparam para um dia de votação excepcionalmente caótico nos EUA. Nesta terça-feira, os eleitores já comparecem às urnas para escolher o próximo chefe da Casa Branca, depois de uma longa e amarga campanha presidencial. Os candidatos Hillary Clinton e Donald Trump tronão economizaram em vazamentos, acusações, ataques pessoais e discursos agressivos ao longo dos últimos meses, o que acirra os ânimos dos eleitores do país. Conteúdo abre eleição

Nos estados que tiveram votação antecipada, os eleitores enfrentaram longas filas nos últimos dias. E, durante as horas de espera, democratas relataram ter sido alvo de intimidação pelos simpatizantes de Trump, que concorre pela chapa republicana. Além disso, houve registros de confrontos entre os eleitores em alguns locais de votação.

Em estados como a Pensilvânia e Arizona, as autoridades chegaram a soltar avisos para desincentivar qualquer tipo de comportamento agressivo no dia de votação. Eles explicaram quais tipos de atitude são proibidas e quais são os limites das zonas eleitorais nos estados.

“Indivíduos que conspiram para interferir no direito de uma pessoa ao voto podem enfrentar até 10 anos de prisão”, diz o comunicado emitido pelo estado da Pensilvânia, segundo o “Washington Post”.

Preocupados com os potenciais episódios de confusão, autoridades tentam monitorar as intercorrências dos locais de votação em tempo real. Segundo fontes da área, o número de registros já vem sendo bastante expressivo.

? O número e o teor das ligações que recebemos sobre problemas e a quantidade de litígios que você já vê refletem o momento em que estamos ? disse, ao jornal americano, Kristen Clarke, a presidente da organização Lawyers? Committee for Civil Rights Under Law, destacando frequência de episódios de intimidação nos estados de Nova York, Georgia e Carolina do Norte.

O Departamento de Justiça dos EUA afirmou que enviaria mais de 500 funcionários a 28 estados para monitorar os locais de votação. O número é significativamente menor do que os 280 enviados em 2012, por conta de uma decisão da Suprema Corte que determina que a redução do papel do governo federal nesta questão.

A União Americana pelas Liberdades Civis, uma ONG de Nova York que defende direitos e liberdades individuais nos EUA, decidiu enviar suas equipes para cinco estados que considerou estratégicos: Filadélfia, Cleveland, Milwaukee, Miami e mais um local, que provavelmente seria a Carolina do Norte.

Em pelo menos cinco estados (Ohio, Pensilvânia, Arizona, Wisconsin e Flórida), no entanto,autoridades entrevistadas pela agência Reuters disseram que não haveria reforço das equipes de segurança nas ruas em comparação a 2012.

CAMPANHA DE ÓDIO

Nós contra eles. Este foi o mote da eleição presidencial americana, que termina nesta terça-feira com a votação que determinará quem entre Hillary Clinton e Donald Trump vai ocupar a Casa Branca a partir de 20 de janeiro de 2017. Até o último minuto, os dois candidatos ampliaram as acusações, apontando o adversário como o mal a ser evitado numa maratona por cinco estados. E este discurso é, em grande parte, um dos incentivos para que os ânimos estejam à flor da pele entre os eleitores.

O ódio foi a marca da campanha, que termina com uma pequena vantagem para Hillary nas pesquisas e um certo alento para a democrata pela alta participação de latinos em estados-chave, mas com projeções apertadas na avaliação da votação em cada estado, que é o que define, na verdade, o escolhido para o cargo mais importante do mundo.

O discurso divisionista e polarizado, contudo, não vai apenas influenciar a política: deixa um país com profundas feridas que, segundo os especialistas, pode viver uma fase à sombra do ódio. Uma nova onda de violência, que já dá alguns sinais de crescimento, não está descartada. E o último dia da campanha não fugiu à regra, com fortes ataques mútuos.

CIBERSEGURANÇA VIRA PREOCUPAÇÃO

A poucos dias das eleições presidenciais, na semana passada, os EUA reforçaram seu aparato de segurança para o dia em que milhões de pessoas comparecerão às urnas em todo o país. Em uma corrida presidencial marcada por vazamentos de todos os lados, a ameaça de hackers vira uma grande preocupação para as autoridades.

Para responder à possibilidade de ciberataques, todos os estados americanos ? com exceção de dois ? aceitaram ajuda do governo federal para sondar eventuais vulnerabilidades do sistema eleitoral. O FBI lançou em agosto um alerta para alguns estados, após detectar brechas na base de dados dos registros de eleitores em Arizona e Illinois.

Especialistas, no entanto, dizem que as chances de um ciberataque afetar o resultado das eleições são remotas. Uma das explicações é simples: as máquinas que contabilizam os votos não são conectadas à internet.

Na quinta-feira, autoridades da Inteligência dos EUA disseram à “NBC” que não existe um alerta específico para um ataque no dia da votação, que acontecerá em 8 de novembro. Mas contaram que continuam preocupados com a possibilidade de hackers russos ou de outro país tentarem influenciar o processo ? provavelmente espalhando informações incorretas ou manipulando redes sociais como o Facebook e o Twitter.

Enquanto isso, grupos armados de todo o país já prometeram, em quantidades sem precedents, monitorar os sites sobre a votação para detectar sinais de fraude eleitoral.