Cotidiano

Autoridades americanas investigam relatórios de venda da Fiat Chrysler

2016 924203563-201607181735111699_AP.jpg_20160718.jpgWASHINGTON e MILÃO – O grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) está sendo investigado por autoridades americanas a respeito da forma como suas vendas são relatadas em documentos oficiais, informou a companhia nesta segunda-feira.

A empresa diz que está cooperando com a investigações, uma delas realizada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e a outra, pela Securities and Exchange Comission (SEC, o regulador do mercado acionário americano) sobre as vendas para consumidores no país, explicou o comunicado do FCA.

Segundo a agência de notícias Bloomberg, duas pessoas com conhecimento do caso contaram que investigação do Departamento ainda está em estágio inicial.

A investigação federal vem após ações civis que questionaram os números de vendas da empresa. Em um processo registrado em janeiro, um concessionário de Chicago alegar que a companhia inflava suas vendas nos EUA pagando os lojistas para registrarem ter vendido mais veículos do que realmente conseguiram.

?Em seus comunicados financeiros anuais e trimestrais, o FCA registra receitas baseado nos envios para as lojas e consumidores e não sobre as vendas unitárias registradas para os consumidores finais?, explicou a Fiat Chrysler no comunicado.

Procurados pela Bloomberg, um porta-voz do Departamento de Justiça e uma porta-voz da SEC não quiseram comentar o assunto.

FBI NA CASA DE EX-FUNCIONÁRIOS

Investigadores do Federal Bureau of Investigation (FBI) e da SEC visitaram escritórios da Fiat Chrysler e as casas de funcionários e ex-funcionários do grupo em Michigan, Orlando, Dallas e Califórnia no dia 11 de julho, segundo noticiou, nesta segunda-feira, o site Automotive News, citando uma fonte.

Uma investigação criminal poderia ser um golpe na montadora, que registrou recorde de vendas de veículos desed que a Fiat assumiu o controle total da Chrysler em 2014 por meio de um resgate com o apoio do governo que tirou a dona das marcas Jeep e Dodge da falência em 2009.

Em dezembro, o FCA disse que registrara seu melhor mês de vendas nos Estados Unidos de toda a história de 90 anos da empresa, com um total de 217.527 veículos vendidos ? registrando seu 69º mês seguido de incremento de vendas na comparação anual.

Essa performance foi questionada em uma ação judicial privada movida em janeiro por lojas do grupo em Illinois e Flórida que afirmaram que as vendas eram infladas por meio de um esquema em que as lojas ? às vezes sem o conhecimento de seus donos ? eram pagas para criar faltos Relatórios de Entrega de Veículo Novo. Queixas similares foram feitas em 2015 em uma ação movida por uma loja da Maserati, marca que pertence ao FCA.

MESMA ACUSAÇÃO, OUTRAS MONTADORAS

Em um documento para os órgãos reguladores em 14 de janeiro, o grupo disse que uma investigação interna concluiu que as alegações de aumento indevido de vendas não tinham fundamento e de quea a ação judicial era ?nada mais do que o produto de dois lojistas descontentes?.

Um juiz federal em Chicago está analisando o pedido da Fiat Chrysler para dispensar uma das ações judiciais, enquanto um magistrado do Brooklyn está decidindo se deve fundir outros dois casos.

A Fiat Chrysler não é a única montadora acusada de inflar seu número de vendas ao convencer lojas a aumentarem seus números. Queixas similares também foram registradas contra a BMW, que teria pago até US$ 1.750 por veículo em dezembro para que as lojas colocassem novos modelos em suas frotas de serviço ? que são carros que ficam disponíveis para os donos de BMW usarem quando seus próprios veículos estão na manutenção.

Assim, as lojas registravam as vendas imediatamente, e as entregas ajudavam a empresa a alcançar sua meta, contaram à Bloomberg pessoas com conhecimento da prática, em fevereiro.