Cotidiano

Autores definem ?A lei do amor?: ?Novelão que o público gosta de ver?

SÃO PAULO – Como o título entrega, ?A lei do amor?, que a Globo estreia nesta segunda-feira,3, às 21h, no lugar de ?Velho Chico?, vai ser uma novela sobre romance. Os protagonistas, vividos por Claudia Abreu e Reynaldo Gianecchini, são um casal que se reencontra 20 anos após ter sido separado por uma armação. Mas o folhetim, de formato clássico, escrito por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, também aposta no suspense e numa intrincada trama política. Prefeito e senador corruptos, obras superfaturadas e uma operação da Polícia Federal farão parte da história. Qualquer semelhança com a realidade, porém… Links A lei do amor

? A novela foi adiada exatamente por causa da trama política e por falar de eleições municipais. Mas essa parte é apenas o pano de fundo. A gente não pode ficar a reboque dos acontecimentos porque eles sempre nos ultrapassam ? diz Maria Adelaide.

? Não vamos fazer da novela uma continuação do ?Jornal Nacional? para não deprimir o público ? pondera Villari.

A sinopse de ?A lei do amor?, que já teve como título provisório ?Sagrada família?, foi aprovada em março de 2014, ?muito antes de todos os podres que estão aí virem à tona?, como afirmam os autores.

? Mas, depois, surgiram coisas que resolvemos citar, como a Lava-Jato. Teremos a operação Bom Ladrão num determinado momento em que haverá muita sujeira política. Mas não haverá a figura de um juiz, por exemplo. O que temos é um delegado civil, de São Paulo, que depois encaminha o caso para um colega da Federal, quando vê que as coisas têm a ver com desvio de verbas e superfaturamento. A Polícia Federal desencadeia a operação Bom Ladrão. Mas isso é detalhe na novela ? diz Maria Adelaide.

A trama é ambientada na fictícia São Dimas (santo de devoção da autora, conhecido como ?o bom ladrão?).

? Seria uma cidade como Diadema ? ela compara.

Conheça os personagens de ?A lei do amor?, próxima novela das 21h

Mas descarta qualquer referência ao ABC do ex-presidente Lula. Uma das inspirações políticas da novela, aliás, veio da Argentina. Magnólia, a Mág (Vera Holtz), idolatrada matriarca da rica família Leitão, será uma espécie de Evita Perón de São Dimas.

? Mág é uma mulher que está sempre pensando no próximo passo. É uma jogadora ? conta a atriz, que defende a presença da política na trama: ? A novela é um folhetim muito próximo da vida. É naturalista. E representa o que estamos vivendo.

A personagem de Vera foi primeira-dama e é casada com Fausto (Tarcísio Meira), empresário do ramo de tecelagem que fez carreira na política. Ele é pai do herói interpretado por Gianecchini.

Fausto foi um prefeito que roubou muito durante suas três gestões. Em uma das cenas mostradas no clipe de apresentação na novela, ele chega a dizer que fará uma delação premiada para se livrar da cadeia. Já na segunda fase da novela, que vai ao ar a partir de sexta-feira, ele resolve mudar de vida e se redimir dos erros. Mas sofre um atentado e fica em coma. O autor do crime contra o figurão será um dos tais mistérios da novela.

? Há uma trama policial que permeia a história. Daremos pistas ao público, que saberá a solução dos mistérios antes mesmo dos personagens. Há um jogo hitchcockiano ? conta a diretora artística da trama, Denise Saraceni.

? Queremos que o público se torne cúmplice nesse jogo. O espectador gosta disso, mas não aceita ser passado para trás ? defende Villari, de 38 anos, ex-aluno da oficina de autores da Globo.

Raphael Dias.jpgO dramaturgo, que começou a trabalhar com Maria Adelaide aos 17 anos, já escreveu quatro livros. Um deles, ?Teletema? (editora Dash), em parceria com Guilherme Bryan, conta a história da música brasileira a partir das trilhas da teledramaturgia.

Villari colaborou pela primeira vez com a autora no remake de ?Anjo mau? (1997), estreia solo dela em novelas (18h). Em 2013, foi promovido a coautor, assinando com ela a trama de ?Sangue bom? (19h). ?A lei do amor? é a estreia dos dois no horário das 21h.

Aos 74 anos, Maria Adelaide dedicou boa parte da carreira na TV a minisséries, como ?Os Maias? (2001), ?A casa das sete mulheres? (2003) e ?JK? (2006).

? Eu e o Vincent temos uma diferença grande de idade, brinco que acabei de criá-lo. Mas comungamos dos mesmos valores. E a novela reflete muito a nossa ética ? diz ela, que define ?A lei do amor? como uma novela adulta. ? Queremos falar com profundidade sobre sentimentos.

APOSTA NO NOVELÃO

Com um elenco que inclui, ainda, nomes como Thiago Lacerda, Claudia Raia, Camila Morgado, e Grazi Massafera, ?A lei do amor? começa na década de 1990 e terá um prólogo de cinco capítulos para explicar o passado dos personagens. Isabelle Drummond e Chay Suede interpretam Helô e Pedro, que serão vividos por Claudia e Gianecchini na próxima fase.

Após achar que foi traída pelo mocinho ? tudo obra de uma armação orquestrada por Mág ?, Helô acaba ficando com Tião, o grande vilão da novela, que será interpretado por José Mayer na segunda fase.

Vinte anos depois da ?traição?, Pedro volta para São Dimas, a pedido do pai, que deseja revelar todo o seu passado como político corrupto. E se reencontra com Helô, que estará casada com Tião e terá dois filhos.

? A boa telenovela é o melodrama. A gente traz o novelão que o público de A a Z gosta de ver ? aposta a autora.

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TRAMA CITA NOVELAS DO PASSADO

A Helô antes da Helô:

O nome da protagonista de ?A lei do amor?, vivida por Claudia Abreu, é homenagem à heroína de Dina Sfat em ?Assim na terra como no céu? (1970).

Ruth e Raquel numa só:

A massagista Ruty Raquel (papel de Titina Medeiros) foi batizada em referência às gêmeas boa e má de ?Mulheres de areia? (1993).

Como Dom Lázaro:

O senador César Venturini (Otávio Augusto) tem o mesmo sobrenome de Dom Lázaro (Lima Duarte), de ?Meu bem, meu mal? (1990).

A família de ?A próxima vítima?:

O marqueteiro político Pascoal Ferreto (Rafael Primot) ganhou o sobrenome da família de ?A próxima vítima? (1995).

A volta da pensão Palácio:

A pensão de Zuleika Pessoa, a Zuza (Ana Rosa), se chama Palácio, como o clássico cenário da novela ?Selva de pedra? (1972).