Cotidiano

Autoescolas se posicionam contra aulas em simulador de direção

Equipamento custa em torno de R$ 40 mil e será obrigatório em 2016

Cascavel – A partir de 1º de janeiro de 2016, as autoescolas de todo o País terão de oferecer aulas com simuladores de direção – máquina que imita um automóvel com um percurso virtual – para os alunos que farão a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), na categoria B, isto é, automóveis.

Contudo, essa obrigatoriedade não é vista com bons olhos pelos donos das autoescolas, garante o vice-presidente da Ascefocon (Associação dos Centros de Formação de Condutores do Estado do Paraná), Claudeir Santos.

“A entidade representa 800 unidades em todo o estado e mais que a maioria é contra. Tenho mais de 20 anos na área e garanto que só é a favor quem não entende nada de autoescola. É inviável ensinar a dirigir em um simulador. O videogame não ensina, o que ensina é a prática no trânsito do dia a dia. O aluno aprende a partir de parte teórica com excelência e de aulas com um instrutor com técnica. Há quem realmente ache que uma pessoa que nunca pegou no carro na vida vai aprender a dirigir por causa do simulador?”,questiona.

A obrigatoriedade está prevista na Resolução n.º 444/2013, do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Serão cinco aulas, após o aluno passar pelo ensino teórico. O simulador terá conceitos básicos de condução, marchas, circulação em avenidas, regras de segurança, congestionamento e situações climáticas e de risco, entre outros.

Nesta primeira etapa, a determinação vale para os que vão dirigir carros de passeios, na categoria B. Posteriormente, será obrigatório para quem dirigir veículos comerciais, caminhão, ônibus e motos.

Ao todo, são necessárias 25 horas ao volante para tirar a carteira de motorista. A carga horária aumentou em 5 horas no ano passado. Atualmente, em Cascavel, a média para tirar uma carteira de carro está na casa dos R$ 1,8 mil, quando ao pedido é A – moto – e B, o valor aumenta para R$ 2,3 mil. Cada aula prática a mais que o aluno pode pedir na autoescola tem um valor, em geral, de R$ 65. Já se o aluno é reprovado no teste prático no Detran, o reteste sai pela “bagatela” de R$ 270.

Os equipamentos custam na casa dos R$ 40 mil, além de precisar de manutenção e um profissional para acompanhar a aula. Custos esses que as autoescolas terão que repassar para o consumidor final, garante Santos.

“Para quem é que vai sobrar a conta? Quem vai precisar pagar mais aulas para realmente aprender a dirigir? Porque eu não acredito que vão aprender com esses simuladores. Tudo isso vai cair para o aluno”, acredita.

No País, apenas três empresas fabricam o produto ou ainda os alugam a valores considerados exorbitantes pela associação.

“O nosso apelo é para que os deputados federais e os senadores que nos representam que não deixem que esse absurdo ocorra. Vamos unir nossas forças para que essa aula no videogame não vá para frente”, reclama.

O outro lado

Vale destacar também de no Rio Grande do Sul, onde as aulas já são obrigatórias, os resultados, conforme o Dentran (Departamento Nacional de Trânsito), têm sido excelentes, uma vez que o número de acidentes no trânsito tem diminuído gradativamente.

Fato que o órgão atribui as aulas no simulador. O equipamento também é obrigatório em Alagoas, Acre e Paraíba. A reportagem tentou contato com o Detran/PR para explicar da importância das aulas. Contudo, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.

(Com informações de Crislaine Güetter)