Cotidiano

Austrália vai leiloar pacote apreendido de bitcoins de R$ 42 milhões

SYDNEY – Uma coleção de bitcoins no valor de 8 milhões de libras (mais de R$ 42 milhões) confiscada pela polícia australiana será vendida em junho em um leilão aberto a licitantes do mundo todo. As mais de 24 mil unidades da criptomoeda serão manejadas em blocos de 2 mil unidades, cujo valor de mercado é estimado em 680 mil de libras (cerca de R$ 3,6 milhões). O lote teria sido recolhido pelas autoridades australianas no estado de Victoria, depois da prisão de um homem que traficava drogas na web. A consultoria Ernst & Young, que organiza o leilão, reconheceu, sem detalhar, a “procedência criminosa” dos bitcoins.

“É um montante significativo de bitcoins. Vale o mesmo que uma semana dos que entram no mercado por meio da mineração”, disse à BBC o historiador do Centro de Cambridge para Finanças Alternativas Garrick Hileman, em referência aos “mineradores”, para quem são distribuídos quatro mil criptomoedas a cada dia como recompensas por abrirem seus processadores para as transações da moeda virtual.

O momento e a divisão em blocos do leilão são considerados estratégicos. Isso porque a venda de um grande número de ativos ao mesmo tempo em um câmbio de bitcoins poderia impactar o preço de mercado. No mesmo sentido, as autoridades classificaram como “seguro” o mês de junho para a venda, diante da incerteza quanto à oferta de bitcoins a partir de julho.

“O protocolo da bitcoin é desenhado para reduzir a cada quatro anos o número de novos bitcoins dados a mineradores como recompensa. Essa contrapartida será cortada pela metade em 14 de julho, então os preços poderiam subir pela menor oferta”, ressalta Hileman.

Na última sexta-feira, o preço do bitcoin atingiu o valor mais alto desde agosto de 2014. Vale hoje 362 libras (R$ 1.917). Para Hileman, o anúncio do leilão do pacote de bitcoins, o primeiro fora dos Estados Unidos, evidencia o caráter legal da moeda virtual na visão das autoridades australianas.

É um legado, segundo o historiador, da US Marshal Service, que pôs à venda em 2014 uma coleção de 175 mil bitcoins apreendidos do fundador do mercado on-line Silk Road. Embora tenha atraído apenas 11 licitantes pelo alto valor dos ativos, diz Hileman, o processo abriu caminho para a operação.

“Cada vez que um governo vende bitcoins é um reconhecimento de que é um ativo diferente das drogas, que não seriam leiloadas, por exemplo”, disse à BBC. “Foi um dos grandes efeitos da US Marshal Service. Firmaram um precedente de que o Bitcoin não era ilegal”.