Cotidiano

Atuação mundial, opinião global

64646198_FILE - This Dec 20 2010 file photo shows signage at a Starbucks store in New York Starbucks.jpgRIO – Starbucks, Airbnb, Coca-Cola e Google decidiram reagir às polêmicas medidas do presidente americano Donald Trump e partir para o ataque, ao menos na publicidade. De acordo com especialistas, o objetivo de campanhas recentes é evitar uma reação antiamericana, o que poderia afetar os negócios em todo o mundo.

trump empresasSímbolos da economia americana, essas marcas já começaram a sofrer algum tipo de desgaste. É o caso da rede de cafeteria Starbucks, que começou a sofrer boicotes no México, um de seus principais mercados. Por isso, a rede, dizem os especialistas, foi rápida e já criou um programa chamado “Pontes e não muros”. Além disso, a rede prometeu contratar os refugiados nos países onde atua nos próximos anos.

? Há um movimento antiamericano acontecendo. As marcas estão optando pela reação. Foi o caso da Starbucks no México, que estava começando a sofrer boicote. As empresas estão fazendo comunicados diretamente a seus clientes e a seu público porque há muita incerteza nos Estados Unidos. Trump chegou fazendo muita mudança já nos primeiros dias ? disse Fabro Steibel, professor de mestrado em Economia Criativa da ESPM Rio.

Fabro cita o caso da Airbnb, que decidiu fazer uma campanha na esteira do decreto de Trump, que proibiu a entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana e refugiados. A empresa anunciou que vai hospedar gratuitamente quem for atingido pelo decreto.

? As empresas estão com medo de terem seus negócios afetados. Por isso, elas estão se posicionando, apoiando as políticas públicas. No caso da Airbnb é um caso ainda de obter mídia espontânea com toda essa polêmica ? disse Steibel. ? As empresas de tecnologias do Vale do Silício estão fazendo uma campanha pesada porque dependem de mão de obra imigrante.

Caso emblemático, segundo especialistas, foi o comercial da Coca-Cola, que mostra nomes latinos em suas latas e apresenta histórias de consumidores latinos. Segundo Igdal Parnes, professor dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), as campanhas e as iniciativas das marcas visam a mostrar que as companhias estão preocupadas com as questões humanitárias e o respeito à diversidade de culturas e credos.

? Estão buscando reforçar valores que já tinham declarado antes. Elas estão sendo coerentes, preocupadas com os direitos humanos, por exemplo. Estão fazendo essas ações porque precisam ser coerentes com tudo que vinham fazendo até então. Elas não podem se omitir. Caso contrário, serão vistas como hipócritas e, aí sim, haverá um desgaste ? destacou Parnes.

O publicitário Gustavo Bastos, sócio-diretor da agência 11:21, conhecida por fazer campanhas baseadas em acontecimentos polêmicos na política e economia, destaca que um dos objetivos das companhias americanas é se afastar da imagem conservadora do presidente Donald Trump e seu governo.

? O principal objetivo é vender a imagem de ‘cool’ versus a imagem conservadora que Trump e seu governo estão passando. Marcas que falam e conversam com o público jovem precisam deste posicionamento, alinhado com o pensamento destes jovens. A Coca-Cola mostra os nomes latinos nas embalagens e o orgulho por trás disso ? destacou Bastos.