Cotidiano

AT&T e Time Warner defendem fusão após críticas

62301704_FILES This file photo taken on June 17 2014 shows Randall Stephenso.jpgRIO ? Após críticas por parte da classe política norte-americana, das autoridades reguladoras dos EUA e de seus concorrentes, a AT&T e Time Warner asseguraram, nesta segunda-feira, que a fusão das empresas beneficiará seus consumidores. A operação, anunciada no sábado por US$ 85,4 bilhões, unirá um dos líderes das telecomunicações com uma das principais empresas de conteúdo de entretenimento por vídeo.

Randall Stephenson, diretor geral da AT&T e futuro chefe do novo grupo, defendeu a fusão como ?uma grande integração puramente vertical? que ?eliminará muitos atritos que há na indústria?.

?Agora podemos começar a inovar nosso conteúdo de uma forma muito mais rápida?, disse Stephenson durante uma conferência. ?Devemos estar onde estão os consumidores, que estão cada vez mais no serviço móvel?, acrescentou o presidente da Time Warner, Jeff Bewkes.

A AT&T é a segunda operadora de telecomunicação mais importante dos EUA, ficando atrás apenas da Comcast. A empresa possui 142 milhões de assinantes em serviços móveis, e também está presente nos serviços de internet e de televisão paga através da DirecTV.

Com a aquisição da Time Warner, a AT&T controlará a Warner Bros., CNN, HBO, Cartoon Network, TNT e uma variedade de programas de grande audiência, que poderão ser oferecidos a partir de agora em múltiplas plataformas.

A fusão, no entanto, ameaça aumentar os preços das assinaturas e limitar o mercado para outros concorrentes no setor. O candidato republicano Donald Trump criticou a ?excessiva concentração de poder?, enquanto sua rival, a candidata democrata Hillary Clinton, também manifestou dúvidas.

O senador democrata Bernie Sanders foi mais além, exigindo que o governo americano anulasse a fusão entre as empresas. ?Este acordo significará que os preços subirão e que os americanos terão menos opções?, escreveu Sanders em sua página no Twitter.

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Randall Stephenson reiterou que a operação ? que deve terminar no fim de 2017 ? oferecerá ?mais opções aos consumidores? com uma grande variedade de pacotes e preços. O CEO também negou a possibilidade de limitar a distribuição de produtos da Time Warner. “Não faz sentido economicamente. É uma ideia maluca”, disse ele.

De acordo com Stephenson, a fusão permitirá fazer frente ao monopólio do Facebook e do Google, que aglutinam mais da metade das receitas de publicidade no ano passado nos EUA.

Os especialistas preveem que a operação enfrentará uma forte oposição que será ?examinada com lupa? pelas autoridades reguladoras, em um contexto de crescente populismo e bloqueio de grandes fusões por parte do governo que está de saída.

O Departamento de Justiça analisará os preços oferecidos aos operadores de cabo e os pacotes que serão oferecidos aos clientes, entre outras coisas, de acordo com um analista. Segundo especialistas, esta análise poderá durar pelo menos 13 meses, mesmo período de provação para a fusão da Comcast e NBCUniversal em 2011.

O Senado americano prometeu, nesta segunda-feira, que a operação ?não afetará os consumidores?.

?Dado que se trata da fusão entre a primeira operadora de TV por assinatura no país e um dos criadores e proprietáios mais importantes de conteúdo, o processo será difícil e longo?, assegurou Mike McCormack, da empresa Jefferies.

Concorrentes como o grupo Disney também expressaram seu descontentamento e exigiram uma ?severa revisão regulamentar?.

A AT&T prometeu, por outro lado, que os ativos da Time Warner ? principalmente a cadeia de informação CNN ? permanecerá independente.

?Poderíamos propor um esquema em que a Time Warner funcione como uma filial da AT&T?, afirmou Stephenson.